FLAVIO REZENDE lSizeRender (88)

MENDIGANDO OLHARES E PAISAGENS NATURAIS – 

No trajeto para a caminhada o veículo é o carro. Nos sinais que fazem parte da rota seres surgem ofertando frutas; lavagem de para-brisas; pedem apoio para obras sociais ou entregam panfletos. A reação dos dotados de carros varia.

Alguns indiferentes permanecem absortos em suas reflexões e não esboçam nenhum movimento. No máximo o dedinho indicador esquerdo na parte superior esquerda do volante faz o movimento leste-oeste, oeste-leste que se traduz em não, não quero ajuda nenhuma. Já outros lançam um olhar, abrem o vidro para receber o panfleto ou dar a moeda da gratidão pelo serviço prestado.

Estas pessoas que gravitam neste universo dos sinais passam os dias em busca destes seres que olham, dão alguma atenção e que aceitam seus préstimos. Nessa mendicância de um olhar carinhoso ou de um pagamento amigo muitos vivem nos sinais do Brasil. Não os julgo. Tenho sempre meu olhar amigo, as vezes aceito o serviço ofertado e também balanço o dedinho quando a moeda não está ao alcance ou o cofrinho do carro está vazio.

Chego na praia e os olhares pedindo atenção continuam nos vendedores de alimentos, de redes, ostras, passeios de bugre, miçangas etc. Basta um simples olhar e todos já se animam para aprofundar oferta dos seus produtos. E sigo caminhando. Enquanto o mar a direita mostra a natureza viva, a esquerda vejo painéis com monstros e desenhos esquisitos. Lembro que viajando tenho observado muitos murais urbanos assim.

Ai a mente pensou nos antigos artistas plásticos que gostavam de eternizar a natureza, paisagens, flores e frutas. Os tempos modernos privilegiam nestes espaços outras mensagens. E sigo compartilhando olhares, observando a vida e ao parar para o café simples de 50 centavos, escrevo meus diários, os quais divido com você. Grato se puder ter a sua leitura amiga, abrir um pouco do seu vidro. Minha intenção é ofertar um pouco do que penso na moldura do seu para-brisa.

Flavio RezendeJornalista e ativista social

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