FLAVIO RESENDE.

SOMOS TODOS UM –

Ontem foi domingo. Estou no Rio de Janeiro, cidade que frequento desde a adolescência. Comecei no Jardim de Allah ficando no apto de Maurício Tapajós a pedido do mano Júlio Rezende. Depois através de amizade com a família Bolshaw o point era Laranjeiras. Mais adelante, amizade de noitada me levava para Ipanema. Ai veio a fase de pagar hospedagem e a opção era Copacabana. Em seguida hospedagem familiar via Andrea Browne nos remetia ao Leblon, e mais recentemente a estadia em novo sistema me posiciona no Leme. Isso é um mini retrato da vida em sí. Serpentear e borboletar é o melhor a fazer.

Em Natal nasci em Petrópolis e morei na adolescência no Tirol. Depois estive na Praia dos Artistas, do Meio, Mãe Luiza, Ponta Negra e hoje repouso e me movimento dias na Candelaria e dias em Ponta Negra novamente. Apesar de ter meu porto seguro, me sinto bem pelo planeta e por ele vou mostrando como sou e vou sendo como posso. Este deslocamento físico e os muitos acontecimentos ao longo da vida me levam a reflexões.Para poder ver com um pouco mais de profundidade o que acontece conosco, precisamos parar e refletir. Isso ocorre em algum lugar de nossa mente, do cérebro. Nesta pequena caixola reside o que existe de eterno em nós. Uns chamam de alma, outros de atman, enquanto os modernos dizem que é nosso self, HD, centelha espiritual etc.

Refletindo percebo que todas as grandes sensações, alegrias, tristezas, sacadas ocorrem a partir de dentro da gente e tem como origem aquele lugar sagrado. É da mente da gente que se produz toda nossa alegria e toda nossa miséria. O mundo exterior serve apenas para provocar, induzir, estimular, mas é lá onde a coisa se processa.
É por isso que os grandes pensadores, místicos etc afirmam que devemos nos interiorizar. Acreditam que olhando para dentro possamos perceber o quão belo somos, posto que herdeiros do DNA do criador, temos neste lugar recôndito e sagrado, as bondades e bênçãos desta pureza original.

A identificação constante com exterioridades cada vez mais negativas nos afasta lentamente da fonte primeva da deidade e nos animaliza ao ponto de alguns viverem apenas para reproduzir compulsivamente (sexo desenfreado), juntar objetos materiais que obtém valor relativo a partir  da avaliação humana ao longo de sua história, conseguir abrigos cada vez maiores e decorados, utilizando para isso, muitas vezes, de ações inadequadas e que prejudicam outros seres, roubando deles matéria prima planetária e oportunidade de ascensão social, com muitos indo além e provocando eliminação física de irmãos e tortura de semelhantes na forma de bullying, homofobia e outros babados mais.

É esperado que o tal mergulho para dentro, a reflexão séria, a investigação relevante ou a meditação adequada nos introduza num espaço benevolente com as coisas do bem. Conseguir avançar em direção a este atma sagrado por sua herança, a esta alma pura por sua criação divina me parece ser o grande desafio que todos nós mais cedo ou mais tarde temos que empreender.

E Javé, o criador deste lugar onde estamos inseridos, enorme, incomensurável ainda para nossa limitada situação mental nos tempos que vivemos, junto com seus clones que por aqui encarnam, vivendo no coro e no osso nossas agruras e vissitudes, sempre em missões como avatares em busca de juntar o rebanho para a ascensão redentora, torce a seu modo por nosso progresso. O progresso espiritual de cada centelha aqui encarnada é necessário mais que nunca para a finalização da obra de Javé que sofreu ruído em seu nascedouro, o aprisionando a sua própria criação.

As coisas andam muito lentas. Planos diversos sofrem na sequência de suas formulações e execuções. O interesse para que possamos desabrochar o lótus da lama é de todos. Para isso é preciso fechar os olhos e perceber essa boa energia que reside dentro de nós. E desenvolver paixão por ela. E amar ela. Se fundir nela. O que Jesus, Buda, Sai Baba e tantos outros quiseram dizer quando pronunciaram a palavra amor, é bem simples: você é Deus. Não procure fora. Ame a si próprio e tudo ficará cristalino. Uma pessoa que ama a sí mesmo remove montanhas, transforma tudo ao redor, brilha, magnetiza, materializa, liberta.

Amar a todos, servir a todos. Love all, serve all.

Ontem foi domingo, 10 de julho. E eu me sentei na areia da praia do Leme, Rio de Janeiro, cercado por muitas pessoas. Mas pude fechar os olhos e sentir que somos todos UM.

Flavio RezendeJornalista e ativista social

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