Em uma excursão da seleção brasileira de futebol, na década de 1990, para a realização de um amistoso na cidade de Joanesburgo/ África do Sul, contra a seleção local, o treinador Zagalo escalou o volante de marcação Amaral/ Palmeiras/ SP, que no momento se encontrava em excelente fase, considerado pela crônica esportiva brasileira como o melhor na posição.

Ao desembarcar no aeroporto, o repórter que acompanhava a delegação, vez um convite a Amaral para dar uma entrevista, que seria passada ao vivo para o Brasil, via Jornal Nacional, na TV Globo.

Amaral, um jovem afrodescendente, de alegria perene e de sorriso fácil, de pronto aceitou e agradeceu a deferência.

O repórter então argumentou  e perguntou:

– Amaral, você realmente atravessa sua melhor fase, a ponto de ser o único jogador previamente escalado para jogar pelo treinador Zagalo. No entanto, você aqui vai enfrentar uma situação difícil e muito complicada: o Apartheid. O que é que você acha disso?

– Quem? É o melhor jogador deles? Vou colar nele. Não tem problema, tô muito bem preparado, vou pra cima dele, e vou marcá-lo com certeza. É o número 10? Deixa  comigo! Seu Zagalo, sabe muito bem como marco!

– O repórter, não suportou e caiu numa profunda e camuflada risada. Nada pode evitar, tudo estava gravado e no ar.

Amaral, ficou calado e encabulado pelo vexame que tinha passado e não resenhou com ninguem. Foi para o quarto e juntou-se ao companheiro de quarto, o craque Rivaldo – também – Palmeiras/SP. Como o jantar ia demorar muito, Rivaldo, falou:

– Amaral, vamos pedir alguma coisa pra segurar um pouco a fome, enquanto o jantar é servido?

Amaral respondeu:

– Ótimo!  Rivaldo, você  sabe o que  é Apartheid?

– Se for um prato bom pede pra mim também!

Amaral caiu numa gargalhada sem fim e se achou compensado (em parte) do  grande disparate cometido minutos antes.

Coisas do futebol brasileiro!

Berilo de CastroMédico e escritor

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