A SANGUE-FRIO
Como o clarão do punhal que no ar se espraia
E raia o corpo no quintal da dor onde me curvo
Desenham-se as espessas gotas dessa rubra arte
Que faz o infinito tempo só fechar suas pálpebras
E encerrar bem no turvo do enigma as álgebras
Do corpo úmido de suor que eu não sei se enxugo
Que lavo com o sangue que já nem sei se estanco
Quando vejo de frente o que eu pouco enxergo
Do balbucio em tua boca o que quase escuto

 

José Delfino – Médico, músico e poeta.

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