VIRTUDES TEOLOGAIS II, ESPERANÇA e AMOR –
ESPERANÇA
O homem sempre viveu de esperança.
Pelo relato bíblico, quando os nossos primeiros pais saíram do Paraíso, consumindo suas almas nas dores e angústias dos seus erros, levaram no coração um único tesouro: a esperança da redenção.
Os povos que não tiveram a luz da revelação divina tiveram de inventar uma história para explicar o sentimento humano de esperança. E foi assim, que na mitologia greco-romana, surgiu a figura de Pandora. Pandora trazia nas mãos uma caixinha misteriosa que deveria permanecer fechada. Aberta, enfim, aquela caixa, dela escaparam todos os males e, conseguiu-se deter apenas a esperança, como lenitivo aos desprazeres humanos. Filósofos, teólogos, escritores, falaram de esperança. Thales de Mileto, o filósofo geógrafo da Escola Jônica, afirmou: “A esperança é o único bem comum a todos os homens”. Thomas Fuller assevera: “Esperança, luz que ilumina o caminho da eternidade”. Finalmente o grande gênio português de Guerra Junqueiro escreveu: “em tudo que alvorece há um sorriso de esperança”.
Mas essa não é a esperança do vulgo, pois esta é triste e decepcionante e está consignada na chamada filosofia do para-choque: “A esperança é a última que morre” e “enquanto há vida há esperança”. É uma mensagem negativa, pois tudo quanto o homem tem, chega um dia a morrer, e quando a esperança morre, é o choro que chega, é a desilusão que impera, nociva e destruidora. É preciso crer na esperança que não morre.
AMOR
O amor sempre foi uma das questões existenciais básicas do ser humano e um de seus maiores desejos. O amor transversaliza todos os temas de nossa existência. É uma busca permanente. Tem o poder de suprimir as distâncias entre os homens. O amor é a força mais dizimadora das diferenças humanas. Desfaz indiferenças mais geladas que um inverno polar; faz voltar o verão onde invernou prematuramente. Faz o coração arder mais que o sol de verão, esfria iras mais abrasadoras que as lavas de um vulcão em furiosa erupção. O amor é capaz de desativar uma bomba atômica. Desarma um exército pronto para o ataque. Cola gente despedaçada pelos males do desamor.
Não obstante o amor ser o mais forte elo entre as pessoas, as dificuldades a ele relacionadas são inúmeras e fazem parte da realidade humana. É tão difícil vivê-lo quanto descrevê-lo. O teórico da psicologia junguiana chega a expressar essa dificuldade em sua autobiografia:
“Falta coragem de procurar a linguagem capaz de exprimir adequadamente o paradoxo infinito do amor. A fórmula condicional do apóstolo Paulo “… se eu não tiver amor…” parece-me ser o primeiro de todos os conhecimentos e a própria essência da divindade…” “Tanto minha experiência médica como minha vida pessoal colocaram-me constantemente diante do mistério do amor e nunca fui capaz de dar-lhe uma resposta válida… o que quer que diga, palavra alguma abarcará o todo… o amor desculpa tudo, acredita em tudo, espera tudo, suporta tudo…”.
É difícil amar verdadeiramente. Às vezes, as pessoas se trancam. Só o amor é capaz de levá-las para fora dos seus confinamentos. Para amar é preciso deixar de ser radical e está sempre disposto a voltar atrás. As nossas palavras amorosas devem trazer possibilidades de reencontros, de voltas, de arrependimento, de cura e de vida.
Josoniel Fonsêca – Advogado e Professor Universitário, membro da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte – ALEJURN, [email protected]
