As vendas do comércio varejista brasileiro recuaram 6,2% em 2016, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (14). Essa queda é a maior da série histórica do indicador, criada em 2001. O pior resultado antes desse havia sido registrado no ano anterior, quando a retração chegou a 4,3%.
“Sobre 2017, podemos dizer que o cenário doméstico melhorou em parte pela inflação que já começou a ceder e os juros que estão diminuindo, mas o mercado de trabalho, que tem um peso relevante para a demanda, continua fragilizado”, destacou a economista do IBGE Isabella Nunes.
No ano, a maioria dos segmentos mostrou taxas negativas, e o que mais puxou a queda geral do varejo foram as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,1%), que tiveram o pior resultado desde 2003.
“A perda da renda real e o aumento de preços dos alimentos em domicílio, no mesmo período, foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo do setor”, afirmou o IBGE, em nota.
“O consumo e o comércio foram impactados ao longo de 2016 por fatores que inibem o consumo, como pressão inflacionária, aumento dos juros e enfraquecimento do mercado de trabalho ao longo do ano”, completou Isabella.
“Com uma dinâmica de vendas associada à disponibilidade de crédito e a evolução dos rendimentos, o resultado do setor [de móveis e eletrodomésticos], abaixo da média geral, foi influenciado principalmente pela elevação da taxa de juros nas operações de crédito às pessoas físicas e pela queda da massa real de rendimentos.”
O comércio varejista, que inclui os setores de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, registrou a maior queda mais acentuada da série histórica (-8,7%). O resultado foi influenciado pelas vendas de veículos, motos, partes e peças (-14%) e de material de construção (-10,7%).
