As vendas do comércio varejista cresceram 0,9% em outubro, na comparação com setembro, com o setor cravando a 6ª alta consecutiva, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação a outubro de 2019, o avanço foi de 8,3%, a quinta taxa positiva consecutiva e a maior para um mês de outubro desde 2012 (9,2%).

De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, o patamar atual de vendas supera em 2,8% o pico mais alto do setor na série histórica, que havia sido alcançado em outubro de 2014.

A expectativa em pesquisa da Reuters era de baixa de 0,20% na comparação mensal e de avanço de 6,70% sobre um ano antes.

IBGE revisou os dados do comércio dos últimos quatro meses, que tiveram alta menos intensa que a divulgada anteriormente. O crescimento de junho foi de 8,6%, e não de 8,7%. Já o de julho foi revisado de 4,7% para 4,6%, enquanto o de agosto de 3,1% para 2,9%. Em setembro, a alta foi de 0,5%, e não de 0,6%.

Veja o desempenho de cada uma das atividades em outubro

  • Combustíveis e lubrificantes: 1,1%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,6%
  • Tecidos, vestuário e calçados: 6,6%
  • Móveis e eletrodomésticos: -1,1%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 2,3%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: 6,6%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 3,7%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 1,9%
  • Veículos, motos, partes e peças: 4,8% (varejo ampliado)
  • Material de construção: 0,2% (varejo ampliado)

Avanço de 1,3% em 12 meses

No acumulado no ano, o varejo passou a registrar alta de 0,9%. Já o acumulado em 12 meses ficou em 1,3%, ante alta acumulada de 0,9% em setembro, indicando um ganho de fôlego.

Segundo Santos, os principais fatores de influência no atual desempenho do comércio são a oferta maior de crédito, juros mais baixos, e a renda extra do Auxílio Emergencial.

No acumulado no ano até outubro, 4 das 8 atividades pesquisadas ainda registram perdas.

A receita nominal do varejo subiu 2% em outubro. Na comparação anual, subiu 2,5%. No acumulado no ano, tem elevação de 4,9%. E em 12 meses, passou a acumular alta de 5,1%.

Só móveis e eletrodomésticos tiveram queda no mês

Entre as 8 atividades pesquisadas, 7 tiveram taxas positivas na comparação com setembro, com destaque para tecidos, vestuário e calçados (6,6%), livros, jornais, revistas e papelaria (6,6%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,7%. O setor de supermercados, que possui o maior peso no índice, avançou 0,6%.

O único segmento que teve queda no mês foi o de móveis e eletrodomésticos (-1,1%).

Pelo conceito varejo ampliado, que inclui “Veículos, motos, partes e peças” e de “Material de construção”, o volume de vendas cresceu 2,1% em relação a setembro e 6% na comparação com outubro de 2019. No acumulado no ano e nos últimos 12 meses, ainda há queda, de 2,6% e de 1,4%, respectivamente.

Crescimento desigual

Embora o patamar de vendas do setor esteja 8% acima do período pré-pandemia, o crescimento se mostra desigual, segundo o IBGE.)

Os principais destaques foram são os segmentos de móveis e eletrodomésticos (19% acima do nível de fevereiro), outros artigos de uso pessoal e doméstico (13,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (9,6%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (6,1%).

Outras 4 atividades, porém, tiveram quedas, sendo elas livros, jornais, revistas e papelaria (-33,7%), combustíveis e lubrificantes (-4,7%), tecidos, vestuário e calçados (-4,6%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,1%).

“O varejo ampliado mostra o mesmo comportamento, 4,9% acima de fevereiro, com cinco taxas positivas e cinco negativas. Material de construção teve o maior crescimento (21,5%) e veículos, motos, partes e peças, o menor (-5,2%), depois de livros”, destacou o pesquisador.

Perspectivas

Após o forte tombo no 1º semestre, o comércio é um dos destaque de recuperação da economia, tendo retomado já em agosto o patamar pré-pandemia.

A dúvida agora é como será o desempenho do setor daqui pra frente com o término dos auxílios governamentais, inflação em aceleração e desemprego ainda elevado. A avaliação dos economistas é que o ritmo de recuperação da economia tende desacelerar no 4º trimestre e no começo de 2021.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getulio Vargas caiu em novembro pelo segundo mês seguido, da mesma forma que a confiança dos empresários do comércio.

Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial brasileira cresceu 1,1% em outubro, desacelerando ante a alta de 2,8% em setembro. No acumulado no ano, o setor ainda acumula perda de 6,3%.

O mercado financeiro passou a estimar uma retração de 4,4% para a economia brasileira neste ano e de 3,5% em 2021, segundo pesquisa Focus do Banco Central. Já a projeção para inflação foi elevada para 4,21% em 2020.

Fonte: G1

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