UMA MANHÃ DE SÁBADO –

Sábado, do mês de São João. Céu claro, manhã bonita e convidativa para um bom passeio, quem sabe, um encontro para um animado papo.

Dirijo-me até o Centro da cidade, onde poucos circulam e poucos compram. Vejo, com tristeza, o desprezo como são tratadas as suas ruas, suas praças e suas calçadas. Lamentável!

Dou uma caminhada pela Avenida Rio Branco, palco maior do comércio da cidade. Paro na antiga loja de venda de instrumentos musicais – Casa da Música, de Gumercindo Saraiva (1915-1988), hoje sede do melhor e mais diversificado Sebo da cidade – o Sebo Vermelho, de Abimael Silva, ponto de encontro de poetas, escritores e bons leitores da cidade.

Para alegria maior, me deparo com a grande figura do amigo, Castilho, exímio desenhista, ex-atleta (goleiro) do América F. C. da década de 1950, boêmio e literato dos bons.

Boa conversa, boas recordações da infância, quando morávamos na rua Professor Zuza, Centro. Lembranças inesquecíveis dos seus moradores. Castilho conhece tudo e descreve com mínimos detalhes: suas casas e seus costumes.

Conta que, certa vez, acompanhado do poeta Nei Leandro, fizeram uma sumária varredura de casa em casa, relembrando os seus antigos moradores e de suas fantásticas histórias.

Em certo momento da boa conversa, chega uma figura desconhecida conduzindo um violão. e, sem muita conversa e sem muito escutar, senta na entrada do Sebo e começa a tocar e a cantar desafinado que só vendo, o que em nada agradou a Abimael e a todos que resenhavam. Ao terminar, pergunta por Gumercindo Saraiva e se tem corda de violão para vender, pois está precisando trocar duas cordas danificadas. Respondemos que Gumercindo estava de recesso eterno.

– Que pena! Que volte logo! Lamentou o seresteiro diurno; e saiu arrastando a sandália e a viola.

Discutimos e relembramos ainda o bom, barato e autêntico futebol potiguar das décadas de 50 e 60; os bons autores e suas obras primas. Comentamos sobre o inesquecível jornalista, escritor, cronista social e esportivo, locutor esportivo, compositor, brigão e cardisplicente: o gordo e sudorético pernambucano, Antonio Maria.

Foi uma bela manhã de sábado!

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor –  [email protected]

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2 respostas

  1. São muito agradáveil seus comentários. Tem gente que envia (nâo gosto do vocábulo postar) muita besteira para todo mundo. Inteligência é mercadoria para poucos. Airton, seu irmão, sempre foi uma figura ímpar. Ele tinha um carro velho, eu perguntei: Airton, como vai o Perfect, ele respondeu: ” De mala pior, já não fecha.”

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