TERRA À VISTA

Não irá demandar muito tempo para serem corrigidos os livros de História do Brasil, que há séculos garantem que o grito “Terra à Vista!”, emitido pelo vigia postado no cesto da gávea da nau capitânia integrante da esquadra portuguesa comandada por Cabral no descobrimento do Brasil, aconteceu em Porto Seguro, na Bahia.

Pois bem, nunca esteve tão em voga a teoria de Lenine Pinto, que contraria as evidências acima, afirmando que os primeiros sinais da Terra Brasilis foram avistados, sim, no nosso Estado, e não como preconizam os escritos sobre a matéria, em território baiano.

A tese do historiador e escritor Lenine Pinto está sendo reconhecida nacionalmente. Pena que não tenha ele recebido em vida, os louros merecidos pelo pioneirismo de sua teoria, porque faleceu em junho de 2019, por complicações respiratórias, aos 89 anos de idade.

A nossa história teve início em 22 de abril de 1500, ou seja, há 525 anos, quando uma frota portuguesa avistou terras desconhecidas no Atlântico Sul, as quais, mais adiante no tempo seriam chamadas de Brasil. Lenine Pinto defendeu a tese que o Brasil foi descoberto em Touros/RN, no livro a “A Reinvenção do Descobrimento”, obra publicada em 1998.

O argumento para a afirmação que distorce de forma radical a teoria do descobrimento do Brasil haver ocorrido em Porto Seguro, foi o marco implantado em praia do município de Touros/RN, quase na esquina do nosso continente. Quando e por qual razão ali haverem fincado um marco português é a grande incógnita em debate.

Justificar a descoberta do Brasil em território baiano, somente teria sustentação se a esquadra de Cabral, após avistar o Monte Pascoal, em Porto Seguro, ali desembarcasse, rezasse a primeira missa e, em seguida, costeando a nova terra em direção ao Norte, colocasse um outro marco no Rio Grande do Norte, e retornasse para escolher a Bahia como berço da civilização brasileira. Absurdo dos absurdos!

O símbolo português numa praia em Touros é real e autêntico, porquanto possuir similaridade com os demais encravados na costa brasileira. E não adianta alegações com contestações vazias ou justificativas ocas, porque agora é provar ou provar.

Todo esse reboliço aconteceu graças a uma publicação do engenheiro e agora historiador, Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto, um meu colega de turma no curso de Engenharia Civil – sim, engenheiro também sabe escrever.

Manoel Neto se debruçou sobre o assunto e publicou dois livros que são verdadeiras teses acerca do descobrimento do Brasil: o primeiro denominado 1500 – De Portugal ao Saliente Potiguar e, o segundo, Brasil 1500 – A Verdade. Ambos, indispensáveis para matar a curiosidade dos ávidos em descobrir a verdade dos fatos em debate.

O trabalho contestatório para descaracterizar a lenda do descobrimento do Brasil em terras baianas e afiançar a tese de Lenine foi elaborado com precisão por uma dupla de doutores em Física, cientistas conceituados da UFRN e UFPB, tomando como base o contido no livro de Manoel Neto.

O humor do querido povo baiense, certamente, ficará açodado apenas ante a possibilidade da dúvida. Para acalmar tais ânimos basta citar o ditado: “Contra fatos não existem argumentos”. O crucial é que se restabeleça a verdade. Ponto final.

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil

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