TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTOJUVENIL –
O câncer é uma realidade que acomete cada vez mais crianças e adolescentes e os principais tipos são: a leucemia, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. Como tratamentos clínicos temos as cirurgias, quimioterapia e radioterapia. Acompanhado a estes tratamentos existem os efeitos colaterais, que podem surgir de acordo com a terapêutica.
Diante desse quadro, a internação é algo constante e que na infância se apresenta como um impacto negativo, já que estes pacientes são automaticamente afastados da família, dos amigos e da escola, de forma muito rápida e sem planejamento. Desta forma, fica evidente que se perde, nesse momento, as referências afetivas e sociais, além de outros fatores que fazem parte desse processo como o estresse, o medo, traumas, inseguranças diante de tratamentos dolorosos e invasivos.
Sendo a infância um período de extrema importância para o desenvolvimento do ser humano, quando diz respeito aos aspectos físicos, motores, psicológicos, sociais e emocionais, é necessário citar também que o crescimento humano depende da maturação biológica, associada a estimulação oferecida pelo meio em que se vive desde os primeiros anos de vida.
Desta forma, é primordial que o tratamento de crianças e adolescentes com câncer aconteça com a mediação de uma equipe multiprofissional que atue na interdisciplinaridade e o Terapeuta Ocupacional é um dos membros dessa equipe, capacitado em analisar e avaliar o desenvolvimento infantil, objetivando manter, estimular e reabilitar os componentes de desempenho ocupacional, sensório-motores, cognitivos e psicossociais, prevenindo a incapacidade e promovendo a funcionalidade dos pacientes.
As intervenções também dispõem de estratégias para diminuição da dor, conservação de energia, prevenção de deficiências e deformidades, além da adaptação às inúmeras mudanças trazidas pela doença, como as relacionadas as atividades da vida diária básicas, instrumentais e de lazer, evitando assim, situações de incapacidade.
Na Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, o Terapeuta Ocupacional atua com as crianças e adolescentes, também junto a seus familiares e equipe, auxiliando no enfrentamento da doença, na superação de possíveis complicações, na elaboração do luto vivido pelo paciente e pela família, em virtude das perdas relacionadas à doença e ao tratamento. Também o resgate da autonomia, equilíbrio emocional, além de estar próximo à família e cuidadores, oferecendo o acolhimento necessário.
Para atender às necessidades dos pacientes, as atividades lúdicas e criativas são utilizadas nas intervenções terapêuticas, pois, possibilitam a continuidade do desenvolvimento global e da reorganização do cotidiano.
De acordo com cada caso clínico, o terapeuta também pode indicar dispositivo para acessibilidade como: cadeira de rodas, andador, cadeira de banho e realizar o treino destes, além de confeccionar ou indicar adaptações em objetos utilizados no dia a dia para compensar as limitações, que podem ser em virtude do tratamento ou pela doença em si.
Sabemos que a família também passa por grandes transformações, pois a partir do diagnóstico e do tratamento, a dinâmica familiar sofre uma desorganização em sua rotina, assim, a equipe tem atuação fundamental, proporcionando orientações a fim de que a família possa se sentir mais segura quanto aos procedimentos do tratamento, oferecendo suporte individual ou em grupo, através de trocas e escuta qualificada, enfatizando a importância de atividades significativas e, quando necessário, realiza o acolhimento frente à morte e o acompanhamento pós óbito.
Assim, a Terapia Ocupacional juntamente à equipe, busca atender às necessidades desse público, oferecendo o cuidado de forma integral e considerando os contextos de vida, para que as perdas no período de tratamento não sobressiam à qualidade de vida de forma geral, de acordo com as possibilidades individuais.
Lady Kelly Farias da Silva – Terapeuta Ocupacional – Crefito14295-TO da Casa Durval Paiva
