Superar o analfabetismo nas comunidades rurais no país ainda é um dos principais desafios para os movimentos de trabalhadores do campo brasileiro. A afirmação foi feita hoje (21) pela integrante da Via Campesina no Ceará, Maria de Jesus dos Santos, durante palestra no segundo dia do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, que ocorre em Brasília até amanhã.
Maria também defendeu uma maior participação dos movimentos camponeses na formulação das políticas públicas de educação específicas para essa parcela de brasileiros. “Não queremos ser só beneficiários ou público-alvo, mas sujeitos nessas políticas”, acrescentou.
A integrante da Via Campesina avalia que houve avanços nos últimos anos, como o lançamento das Diretrizes Nacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, pelo Conselho Nacional de Educação, além da criação das bases para a instituição da Política Nacional de Educação no Campo, por meio de decreto presidencial, em 2010, mas criticou o conceito adotado no Brasil de levar à área rural uma “escola assistencialista, precária e associada aos interesses do latifúndio, sem reconhecer e valorizar a localidade onde está inserida”.
Divina Lopes, integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Maranhão, que também participa do encontro, disse que a formação dos professores que trabalham nas escolas do campo precisa ser específica. Segundo ela, além de enfrentar infraestrutura insuficiente em diversas unidades, os alunos, em muitos casos, não têm os saberes e as experiências locais incluídos no processo de ensino.
José Wilson, secretário de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), disse que uma escola de qualidade ajuda a fixar os trabalhadores no campo, permitindo que eles identifiquem oportunidades e potencialidades.
Fonte: Agência Brasil