SE AVEXE NÃO… –

Cadê o danado do sono? Procuro por ele por todas as partes do quarto. Deito-me na rede para ver se o encontro. Nada! Ele sequer deu o cabimento de mostrar sinais de sua existência. Tudo bem, nem gosto de rede “mermo”! Mas, na cama, vixe! Esta parece ter espinhos, mesmo sendo das mais modernas, daquelas que passam nas propagandas das casas Bahia: Cama Box com molas ensacadas- você se mexe à vontade do seu lado e o seu parceiro (se eu tivesse) continua imóvel. O fino do individualismo. E nem assim o sono se mostrou interessado.

Isso sempre me acontece. Quando eu mais preciso dele, ele se dana no meio do mundo. E pior, só volta quando bem entende. Ele tem o dom de me deixar a ver navios, a contar carneirinhos… é o novo!

Em parte, é justificável, e repensável, os fatores que me levaram a ter uma danada falta de sono. Tenho abusado dos cafezinhos, eu sei. Também tenho abusado dos pensamentos tolos. Seria injusto ter que colocar toda a culpa no pretinho, não é mesmo? Isso seria preconceito. Se bem que gosto muito do café com leite, ou como chamam lá pelas bandas de São Paulo, de um café pingado.

O fato é que a tal da ansiedade provoca uma doida angústia, o que me leva, sem pena, a uma noite em claro, ou seja, de olhos grelados na escuridão do quarto. Essa escuridão é tão clara que vejo as marmotas dos meus pensamentos desmantelados e entramelados nas “tortisses” da minha imaginação. É nisso que dá ser possuidora de uma mente traquina e para lá de fértil.

Mas, como tudo na vida, a insônia pode ter seu lado bom. Vou explicar.

Essa repetição de informações que tenho insistido em discutir nos tempos de descanso, e de dormida, faz parte desse novo momento em que me encontro. Ora, se somos seres em mutação, são nas madrugadas de insônia que percebo o quão estou em parafuso, girando pensamentos, torcendo ideias e arrochando o juízo. Imagino que é para isso que exista o tempo e a maturidade. São as minhas reflexões globais e pessoais, translúcidas e fosforescentes como os cartazes de neon nas madrugadas, que me fazem pensar e entender essa estranha forma de ser: de ver o mundo, o meu mundo.

 E se entendo que o mundo externo é apenas parâmetro para que eu reconheça quem verdadeiramente eu sou, vou saber que é dessa busca que tenho vivido toda a minha vida, tentando entender todo esse encruzilhado de vontades, desejos e fantasias; esse universo bem meu. Bem eu.

Pelas frestas da janela, vejo os primeiros raios de sol despontando no horizonte. Interessante perceber que o novo dia desponta e traz consigo a energia mágica da compreensão, da evolução do eu… O dia amanhece nos dizendo: se avexe não, pois tudo tem seu tempo. Relaxe, aproveite, descanse e saboreie o que a vida tem lhe oferecido e, claro, a oferecer. E como ouço dizer: deixe de ver o lado ruim das coisas e aproveite o que o tempo presente lhe oferece.

Se avexe não!

Assim, amanheço o dia, sem ter pregado o olho, ouvindo a música: A natureza das coisas

Ô… Xalalalalalalá

Ô… Coisa boa é namorar…

 

 

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *