SÃO MIGUEL DO GOSTOSO –

A poesia Vou-me embora pro passado cabe como uma luva, num pequeno e único oásis encravado nesse sofrido, violento e abandonado Estado do Rio Grande do Norte.

Assim que passo a praia de Cajueiro, já sentindo os ventos pacíficos e incomparáveis daquele lugar, coloco essa poesia do mestre Jessier Quirino no carro e aumento o som, para entrar no clima daquele minúsculo paraíso. “Vou-me embora pro passado/ Pra não viver sufocado/ Pra não morrer poluído/ Pra não morar enjaulado/ Lá não se vê violência/ Nem droga nem tanto mal/ Não se vê tanto barulho…”

A primeira parada obrigatória é na Urca do Tubarão. Lá, ao lado do poeta e cachaçólogo Edson Nobre, escuto Fagner, Ednardo, Elomar, Xangai, Vital Farias e até Milk Shake, com Bonde do Forró, tudo em vinil, saindo com aquele estridente “alarido”, nas velhas caixas de som!

 No meu ritual de approach tem uma segunda parada obrigatória: o bar de Dedé de Tico, onde tomo um caldo de Arraia, acompanhado de uma Samanaú ouro, para marcar o território. Cheguei na terra prometida!

Na sequência, deixo a troçada na pousada (Kauli Seadi, Villa Boa Vista e Mi Secreto são as minhas preferidas) e vou almoçar no restaurante da Mi Secreto, que sempre surpreende positivamente. Na sua frente, vê-se uma extensa faixa de areia branquinha, ainda cheia de búzios, e, no pano de fundo, o orgasmo pictórico: a ampla perspectiva do mar, com suas inúmeras velas coloridas do Wind e Kitesurf.  Pronto! Já alimentei a alma. O corpo é o de menos importante…

Depois do primeiro cochilo, escoltado pela melodia marinha, pego, invariavelmente, um quadriciclo (sem obrigação do uso de capacete, graças a Deus!) e saio em busca de emoções “EnoCanoGastronômicas”. São inúmeras as possibilidades dessa praia, mas não comer no Tuk-Tuk, no Jardins do Seridó, em Palmira e na pousada Só Alegria é não conhecer Gostoso. Reservo, obrigatoriamente, uma das noites para a pizzaria Quintal, que tem vinhos excelentes como o Cartuxa e Pêra Manca.

São Miguel é assertivo até no conceito urbanístico de uso e ocupação do solo. Nos terrenos de beira-mar há um equilíbrio bacana entre as áreas públicas e privadas.

Até o momento, essa praia diva é uma eterna ficante linda, gostosa e sedutora! Quando vou chegando lá, o coração acelera! Pura paixão! Ainda não há o compromisso do noivado, nem, muito menos, o amornamento do casamento. Só o tempo dirá como acabará essa relação…

 

Fabiano Pereira – Arquiteto

 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *