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O presidente Bashar al-Assad está decidido a reconquistar Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, para desferir um golpe decisivo contra os rebeldes e reposicionar o seu regime na cena internacional, num momento de possível mudança na diplomacia americana.

Há vários meses, ofensivas se sucedem para tomar os bairros da zona leste de Aleppo, nas mãos dos rebeldes desde o verão de 2012. A última, lançada em meados de novembro, pode ser decisiva, uma vez que o Exército conseguiu capturar a maioria desses bairros.

Para o governo de Assad, a tomada de Aleppo seria “uma de suas maiores vitórias”, considera Mathieu Guidere, especialista em geopolítica do Oriente Médio.

“Esta foi uma das primeiras cidades conquistadas pela oposição armada” e tem um “extraordinário prestígio histórico, político ou geopolítico”, explica o professor da Universidade de Paris-8.

A antiga capital econômica e centro industrial da Síria está localizada em um eixo comercial estratégico, perto da fronteira com a Turquia.

Desde 2012, Aleppo está dividida entre as áreas controladas pelo governo a oeste, onde 1,2 milhão de pessoas vivem, e os bairros rebeldes no leste, onde mais de 250 mil pessoas residem.

A tomada de Aleppo “seria uma virada”, garante Fabrice Balanche, especialista em Síria no Instituto Washington. Isso porque permitiria ao regime “controlar Damasco, Homs, Hama (centro), Latakia (oeste) e Aleppo, ou seja, as cinco maiores cidades” e a Síria útil.

A metrópole do norte é também a chave para recuperar a província de Idleb (noroeste), quase inteiramente controlada pelos rebeldes e extremistas.

“Isso vai mudar o equilíbrio de forças no conflito”, afirma Bassam Abu Abdullah, diretor do Centro de Damasco para Estudos Estratégicos.

De acordo com ele, “o objetivo é empurrar esses grupos (rebeldes) para o cenário de Homs”, a terceira maior cidade do país, onde os insurgentes se renderam em 2014 após dois anos de cerco e bombardeios.

Desde 17 de julho, a pressão é máxima na zona leste de Aleppo, sitiada pelas forças do governo, privada de ajuda humanitária, ameaçada de escassez alimentar e onde quase todos os hospitais foram bombardeados. Neste cenário, os países ocidentais denunciam “crimes de guerra”.

Tal ânsia destina-se a forçar os civis, pressionados pela fome e a miséria, a se voltar contra os rebeldes. Várias centenas deixaram a zona leste de Aleppo no último final de semana para áreas controladas pelo governo, no primeiro êxodo deste tipo desde 2012.

“Você só pode recuperar um território se a população não apoiar mais os rebeldes”, diz Balanche.

*Fonte: AFP

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