REDE DE DORMIR, APRECIADO DESCANSO TROPICAL POTIGUAR –
Cama de rede uma herança dos nossos povos originais da terra, eram feitas com fibras do cipó, que tratados viravam tecidos com alças. A rede era um apetrecho indispensável como apoio às viagens nos desbravamentos para as selvas levadas a cabo pelos Bandeirantes,
No Brasil-Colônia, virava uma espécie de palanquim em que os fidalgos eram carregados em passeios pela cidade do Rio de Janeiro. Tempos difíceis de escravidão e de avanços na sociedade em termos patrimoniais e de dimensões territoriais para o Brasil.
No dia a dia do Império, as mulheres dos colonos lusitanos fizeram adaptações da forma indígena e as varandas e sacadas passaram a compor o visual com redes já em tecido de algodão, reforçadas, e adornadas com franjas.
No livro Rede de dormir, o mestre da nacionalidade, Câmara Cascudo, desvela na deliciosa leitura que a rede de dormir está no prólogo de nossa história dos quinhentos, ao se referir a Pero Vaz de Caminha que citou o costume primitivo, certamente. Mais uma herança utilíssima dos nossos primevos tupis.
O Padre José Anchieta se refestelava das suas prédicas no sertão de São Paulo e Espírito Santo nas redes sacratíssimas ao bom descanso. O aventureiro Hans Staden dormia dessa forma naqueles anos de sobrevivência na tribo litorânea. Da mesma forma o incrível náufrago português João Ramalho curtiu décadas nas redes com a sua esposa Bartira, filha do cacique Tibiriçá.
Cascudo ainda cita que a rede compunha a casa dos séculos XII a XVIII utilizada como berço, cama de casal e de solteiro. E deixou registro que “a rede, objeto utilitário imprescindível na vida cotidiana dos brasileiros e romanticamente cantada por tantos poetas”.
Lembro-me de ter nos meses em que fazia missões na Amazônia, nos tempos idos de meu período militar servindo à FAB, haver dormido muitas noites em rede, confesso que a adaptação não era simples. Mas o repouso estava garantido para retomar dia seguinte a jornada de selva.
Como está na cantoria e no cordel e do nosso mestre de Natal: A rede é patrimônio no Ceará e, por que não, um produto marcante nos usos e manifestações do povo potiguar.
