RECORDANDO ROGER VADIM –

Messier Roger Vadim foi um escritor, ator e diretor franco-argelino, nascido em 1927. Porém, não foi como cineasta que alcançou notoriedade, mas, por haver casado com belas mulheres: as francesas Brigitte Bardot e Catherine Denueve, a dinamarquesa Annette Stroyberg e a estadunidense Jane Fonda. Com exceção de Annette, as demais se transformaram em monstros sagrados do cinema.

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Vadim, além de conquistar três das mais cortejadas atrizes do mundo, e as despir nas telas, ele também desnudou o íntimo de cada uma delas, com a mesma classe e elegância, enfatizando o que pensavam, como viviam e como amavam, no seu livro As Memórias de Roger Vadim – Bardot, Deneuve & Fonda.

Num relato fluente e picante, ele prende a atenção do leitor, do primeiro ao último parágrafo, como quando da iniciação sexual de Bardot: …enquanto se vestia, depois de fazer amor pela primeira vez, Brigitte perguntou: – Sou uma mulher de verdade, agora? – Não muito – respondi. – Talvez uns vinte e cinco por cento.

No segundo encontro, depois de termos feito amor, ela perguntou novamente: – Sou uma mulher de verdade, agora? – Uns cinquenta por cento – respondi.

Em sua terceira visita, anunciei: – Cem por cento. Brigitte bateu palmas, correu até a janela e abriu-a tanto quanto pôde. – Sou uma mulher de verdade! – exclamava ela, acenando para os transeuntes na rua, que olhavam para cima em estado de choque. Em seu entusiasmo, ela se esquecera de que estava completamente nua.

Ele resume o capítulo sobre Bardot, afirmando: Possuía um dom para a infidelidade, mas sempre sofria quando estava de caso com mais de um homem ao mesmo tempo.

Por essa e outras inconfidências, Brigitte e Deneuve processaram Vadim por violação de privacidade, o que retardou a publicação do livro na França. Ganho o embate judicial, o autor alcançou enorme sucesso com as suas memórias.

Quando Bardot o abandonou para viver com Jean-Louis Trintignant, Vadim conheceu Annette Stroyberg com quem casou após engravidá-la de Nathalie, sua primogênita. Ela não demorou muito, e já o estava traindo com Sacha Distel.

A paixão entre Roger Vadim e Catherine Deneuve foi arrasadora: menos de vinte e quatro horas depois de se conhecerem já foram para a cama. Assim ele descreveu o encontro: …entramos no quarto em que o abajur de Jean Genet, um pouco estiolado e inclinado para o chão, me fez lembrar que fizera amor com Brigitte, pela primeira vez, naquela mesma cama, dez anos antes.

Catherine deu-lhe um filho, Cristian, mas, ao se apaixonar por Johnny Halliday, não hesitou em largar Vadim. Conviveram durante cinco anos sem casar. Ele sintetiza o caso, assim: Tinha 17 anos, e eu, 32. Mas a idade não faz diferença. Nem a experiência, para mulheres que sabem das coisas sem precisar aprendê-las.

O caso de amor com Jane Fonda durou oito anos. Vadim a amava e à filha de ambos, Vanessa. Quando a paixão esmaeceu em Jane, ela o deixou para casar com Tom Haiden. Sobre a atriz, ele assim resumiu o relacionamento: …Nossa relação erótica era intelectualmente equilibrada entre a ternura e voos de grande fantasia.

Mesmo separado de suas ex-esposas, Vadim continuou íntimo de todas, e sempre foi um pai presente e um ombro amigo para o apoio delas. Faleceu em 2000, com 72 anos de idade. Todas compareceram ao funeral.

A leitura das memórias de Vadim é um regalo para indivíduos que, como eu, vivenciaram seus anos dourados nas décadas de 60 e 70 e acompanharam as trajetórias das personagens do livro, desmistificadas cruamente por quem amou a todas.

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – [email protected]

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