RAFAEL BRUNO FERNANDES DE NEGREIROS – 26 anos de saudades

*15/outubro/1924 – +04/abril/1994

No dia 15 de outubro deste ano faria 96 anos de idade.

Era autêntico em tudo, como pai, educador e orientador. Pragmático, dava aos filhos, a todos os seis, Paulo, Armando, Ricardo, Rafael Filho, Fernando e Glenda, um amor e uma fidelidade que impressionava; como marido e companheiro eterno amor de sua Elizabeth, sua prima legítima, filha de Solon e Júlia, ele irmão de Manoel, seu pai e Sinhá. Não tinha esse negócio de “minha filha” nem de “amor” ao falar com mamãe; como amigo era solidário de forma incondicional.

Homem de partido, quando na política, podia mudar na outra campanha e ser adversário, nunca inimigo; não ficava em cima do muro.

Como comerciante teve seus momentos de bons “apurados” e de “dias tempestuosos”.

Escritor e jornalista sem meias palavras, dominava o português, fazia seus artigos em questão de minutos. A literatura acumulada, que aumentava a cada dia, dava a sua prodigiosa memória, que nunca falhava, a precisão de datas e nomes, fossem eles em Russo, grego, alemão, quaisquer dos idiomas.

Gostava de dizer que quem colocou ordem em sua literatura foi o amigo e intelectual Antônio Pinto de Medeiros, no seu tempo de exército!

Eu, Armando, D. Elizabeth e Misherlany Gouthier, fizemos um livro sobre ele, a maioria das páginas com suas crônicas, era o suficiente para tê-lo redivivo. O livro foi editado pela FIERN em 2011, na gestão de Flávio Azevedo, chama-se UM LIVRO DE E SOBRE RAFAEL NEGREIROS, com 373 páginas. A edição infelizmente está esgotada. O resgate de alguns de seus artigos, sobre os mais variados temas, é uma amostra da sua cultura geral e de sua memória prodigiosa.

Muito do material que ele escreveu perdeu-se, pois não guardava as cópias, e o tempo e as traças se encarregaram dos arquivos dos jornais.

Tinha suas diversões: literatura, roda de bate-papo – recebia todas as noites cerca de 20 a 30 amigos, em nossa casa de Mossoró. Adorava praia e banho de mar, principalmente em Tibau e Rio de Janeiro.

De uma coragem que nos impressionava, não tinha medo de absolutamente nada, falava da morte com desdém, ateu convicto que era.

Comerciante fomentador, ajudava seus amigos de todas as formas.

Foi Imortal da Academia Mossoroense de Letras, cadeira 27, que tem como patrono seu tio e padrinho Dr. Rafael Fernandes Gurjão, irmão de sua mãe, Maria Adelaide Fernandes Gurjão, conhecida por Sinhá.

Viaja hoje na poeira cósmica insondável, os elétrons, prótons, nêutrons e spins, que o moviam, dispersaram-se, a energia do corpo extinguiu-se, mudaram de lugar as moléculas atômicas, , como a famosa frase de Antoine Lavoisier “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

Saudades constantes, lembranças diárias.

 

Paulo Negreiros – médico dermatologista, escritor, membro da Academia Mossoroense de Lertas e primogênito de Rafael e Elizabeth

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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