QUASE AOS CINQUENTA E QUATRO – 

Hoje, dia 05 de junho de 2025, vi chegar os primeiros raios de sol, meio pálidos devido a neblina das chuvas que caem nesse período do ano .

Não é um dia comum, apesar de se mostrar igual a tantos outros, há algo de especial nas sombras da madrugada, sugadas pelas tímidas fagulhas do amanhecer. Talvez seja pelo fato de que daqui a três dias eu feche mais um ciclo. O meu calendário conta, hoje, 18.251 dias vividos. Dias ímpares e dias pares, cheios e vazios. Dias ensolarados, outros nublados, dias de graça, risos e vitórias, dias encharcados de realizações, outros… nem tanto. Contei, na verdade, 18.251 dias empanzinados de vida, vividos de todas as formas, jeitos e maneiras: ora viva, gritante, pulsante; ora chorosa, pensante, frustrante… incerta. Como bem divulgam pelos horóscopos da vida, ser de gêmeos é viver o inconstante, ser instável por natureza e que a rotina é algo, definitivamente, enfadonha. Acho que posso atestar esse estado inconstante de ser, afinal, como negar algo intrínseco em meu viver?

Daqui a pouco mais um ciclo se fecha, mais um ano se passa, mas, de vida, terei a menos.

Há alguns anos fui convidada a fazer um ensaio sensual, um tal de boudoir. Até então nunca tinha ouvido falar esse termo francês que remete ao registro fotográfico feminino em poses sensuais. Pois bem, aceitei! O ensaio foi feito por duas grandes amigas dos tempos de escola, que se tornaram, na época, sócias da @2ellesfotografias (Dany Granja e Michelle Gurgel), posso dizer, sem medo de errar: elas realizam uma linda e perfeita plástica na alma das mulheres. O ensaio contou com a mentoria do fotógrafo @humbertolopes. Um show de arte entre versos, luz, prosa e paixão.

Com esse convite andei a divagar… E sabe o que me chamou a atenção? Percebi que uma característica muito marcante das mulheres de minha época é esse empoderamento feminino que tanto se fala e se projeta, nós já éramos empoderadas, pois sempre soubemos do nosso papel, mesmo que em alguns momentos tivéssemos que nos desencontrar de nós… Mas, algo que é nato não morre e, por isso, estamos aqui contando nossas dores, perrengues, os risos e curtindo cada página vivida de nossas vidas… Lindas loiras, ruivas, morenas, magrelas, gordas, jovens, meia idade, todas as idades. Ainda que negras, brancas, amarelas, vermelhas, pobres ou ricas, independentemente do gênero que nos atrai, e daí?

Acho que é isso mesmo, liberdade de ser quem é. Essa é a nossa busca incessante que me foi registrado em cliques… Amei fazer o ensaio quase aos quarenta e nove anos de idade, quase meia idade, totalmente fora dos padrões de beleza impostos por nossa sociedade. Confesso que cada foto me trouxe um significado, fez-me colocar os tijolos que faltavam no muro da minha existência até esse instante. Esse foi um momento de encontro e renovação, de mim para comigo, e de tudo aquilo que eu neguei e não quis enxergar. Confesso ter algo mágico em mim, renascendo a cada postagem que faço dessas imagens, unidas a poesia que construo em inspiração… Assim como escrever é algo libertador, fazer um ensaio boudoir é algo que transcende as amarras daquilo que nos estagna. É libertação.

Bom, sem mais delongas, gostaria de colocar alguns frutos dessa nova fase que se inicia. Sim, a renovação acontece quando conseguimos fechar ciclos e mergulhar no que ainda nem se mostrou. Para isso, conto sempre com o calor humano dos que estão próximos, e que me oferte carinho e incentivo, mesmo que não saibam de suas influências. Assim, gostaria de prestar meus agradecimentos, com algumas poesias que me foram presenteadas, por nobres amigos, que me ajudam a vencer obstáculos e seguir para a próxima página do livro que escrevemos dia a dia.

Ah, antes que eu esqueça, no dia 08 de junho, daqui há três dias, eu fecho mais um ciclo, iniciando novo caminhar, agora passando da meia idade.

Algumas poesias que nasceram como inspiração do Ensaio Boudoir:

Sua poesia é magistral,

Tem essência em profusão

Inspira a alma dos bardos

Que vagam na imensidão

Sublime do sentimento,

Plenos de excelsa paixão!

 

Jorge Furtado

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Ela, quimera das vontades,

Quando Marte, arde desejos,

E, aos beijos, torna-se vênus,

Com pensamentos nus,

Devorados crus pela libido,

Em desinibido e intenso olhar,

A decifrar máscaras e escudos,

De quem, desnudo, a intente,

Em coragem, de frente…

@imagemepoesia (Ricardo Morais)

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Imagem com poesia,

E nas duas artes em sintonia,

Ela irradia emoções e belezas,

Na certeza que o amor-próprio,

Lhe é próprio de ser quem é,

Intensamente, Mulher…

 

Ricardo Morais (@imagemepoesia)

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Autor: (Marcio Almeida)

 

FLÁVIA ARRUDA (acróstico)

 

Força interna do coração.

Lê sempre e escreve na sua emoção.

Amor repleto de alegria.

Versos leves e gostosos, todo dia.

Instinto de poeta na alma.

Alívio delicado que acalma.

 

Acalenta a palavra escrita.

Registra a sabedoria como se fosse dita.

Reluzente na demonstração.

Unida no preâmbulo de uma canção.

De novo, é da força do coração!

Abençoada seja sua inspiração.

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E, por fim, a poesia do prof. João Maria, recebida no meu aniversário de 2018.

Que todos os dias sejam repletos de pontos de exclamação!

Que a felicidade não tenha um ponto final.

Que não haja reticências para a saúde.

Que o cansaço seja recompensado pelas pausas necessárias, como vírgulas bem colocadas.

Que após dois pontos haja sempre um complemento para tudo o que for sonhado.

Que as interrogações sejam respondidas com a certeza da realização e do sucesso.

Que tudo concorde, em gênero, número e grau, com a alegria de viver.

Que os verbos mais conjugados sejam construir, realizar, amar, acreditar e sorrir!

Que cada parágrafo de cada hora, de cada dia, seja tão harmônico quanto o melhor de todos os roteiros.

 

Eita! Quase cinquenta e quatro… venha, sua linda! Tô na área!

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora dos livros As Esquinas da minha Existência e As Flávias que Habitam em Mim. crô[email protected]

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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