Pedro Castillo, presidente do Peru, acena com o então primeiro-ministro Guido Bellido durante evento em Ayacucho em 29 de julho — Foto: Angela Ponce/Arquivo/Reuters
Pedro Castillo, presidente do Peru, acena com o então primeiro-ministro Guido Bellido durante evento em Ayacucho em 29 de julho — Foto: Angela Ponce/Arquivo/Reuters

O presidente do Peru, Pedro Castillo, anunciou nessa quarta-feira (6) a renúncia do primeiro-ministro e de todo o gabinete ministerial. A decisão ocorre apenas dois meses depois de ter assumido o cargo, em uma mensagem inesperada transmitida pela televisão estatal para todo o país e que representa uma separação da ala mais à esquerda dos governistas.

Na prática, o primeiro-ministro peruano atua como se fosse um chefe da Casa Civil, em comparação com o cargo existente no Brasil. Pelas leis peruanas, quando um premiê cai, o restante dos ministros também deve ser trocado.

Cisão na esquerda

O movimento foi lido como uma cisão no governo: Bellido era da ala ainda mais à esquerda do mandato, que incluía um ex-guerrilheiro como ministro das Relações Exteriores. Enquanto isso, Castillo tem adotado um tom mais pragmático: ele recentemente chegou a elogiar o investimento privado que entra no país, em uma mudança de discurso em relação às eleições.

Bellido tentou negociar acordo sobre mineração e outros temas com comunidades indígenas, que votaram em peso em Castillo nas últimas eleições, mas obteve pouco êxito. Além disso, pregou a nacionalização das fontes de gás no Peru, o que seria uma decisão bastante contestada no país e fora dele.

O atual presidente peruano se elegeu em junho com discurso bastante crítico ao capitalismo e a favor de um nacionalismo econômico, em contraste com a candidata derrotada, Keiko Fujimori, bem mais à direita e favorável a um mercado mais aberto.

Além disso, com a renúncia, Castillo deve evitar ao menos por enquanto uma pressão ainda maior no Congresso, presidido pelo partido de direita Ação Popular. Isso poderia travar o governo e até colocar em risco o restante do mandato do presidente.

Fonte: G1

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