SÓ TIVE QUE ESCOLHER PELA “ESCOLHA” –
A dimensão da crise atual não se remete apenas às questões convencionais que afetam a sociedade. Os quatro eixos (sanitário, econômico, social e político) fazem parte do “grande cardápio” que dá apetite aos “analistas de plantão”. Assumida e modestamente, tenho exercido esse papel. Mas, não posso negar que todo impacto proporcionado pela crise, afeta-me também como cidadão, ou melhor, como indivíduo. Afinal, há que se considerar o simbolismo das “microcrises” geradas em cada um de nós. Entre traumas e superações, que vão do campo pessoal ao profissional, são aspectos emocionais fortes, sentimentos reativos distintos, campo fértil para muito exercício psicológico, destemidamente espontâneo ou tecnicamente acompanhado. Para todo gosto.
Da minha simples condição de absorver meus impactos e de ver e ouvir sobre outros, resolvi-me atrever numa análise para a qual não tenho qualquer embasamento científico. O exercício é reflexo de um “empirismo atrevido”. Talvez, nesse meu mero exercício diário de “cronista circunstancial”, que se depara diante de tanta “matéria prima” promovida pelo misterioso universo humano.
Nesse meu esforço por um sentimento humanista diante da “multicrise” mais profunda que se tem registro na História, busquei escolher alguma expressão, alguma palavra que pudesse ser “semente, raiz e fruto”. Tudo junto.
Eis a razão do título desse texto. Não havendo alternativas para trazer à baila opções, a decisão tinha que ser mesmo singular. Com o perdão da redundância, escolhi por uma palavra única: escolha. Afinal, há até um adágio popular que a ela se resume toda explicação que faz o ser humano viver. Sem as escolhas que cada um de nós tomamos, a vida não seria repleta de histórias para se contar.
Pela complexidade do tema e tudo que as escolhas puderam (e podem ainda) representar, antes e durante a crise, essa minha reflexão irá render mais três capítulos.
Peço paciência. Foi minha escolha.
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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco