Projeto da UFRN ajuda pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (Foto: Inter TV Cabugi)

Severino, 69 anos, é ginecologista, radiologista e, mais recentemente, chef de cozinha. Ele é um portador da Esclerose Lateral Amiotrófica, também chamada de ELA. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram uma tecnologia que está dando autonomia a quem sofre com os sintomas.

A doença começa com a perda dos movimentos e termina tirando até a capacidade de falar. Carolina Diney Leite, esposa de Severino, lembra dos primeiros sintomas, que apareceram em janeiro de 2015. “Eu comecei a sentir que ele estava puxando a perna. Aí eu perguntei: você bateu o seu pé em algum canto? Até então ele não sentia”, conta.

O casal procurou ortopedistas e neurologistas. O diagnóstico veio seis meses depois. A doença avançou com rapidez. Um dia, já sem andar, Severino chorou com medo de ficar sozinho na cama. “Então eu jurei pra ele naquela hora que eu não ia deixar mais ele sozinho nunca mais”, diz a esposa, emocionada.

Naquele momento entrou em cena o irmão de Severino, o também médico pneumologista Elmano Marques. Ele lembrou de uma matéria do Jornal Nacional sobre o projeto Autonomus, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A ideia do projeto, como o nome diz, é dar mais autonomia em tarefas do cotidiano, como ligar a televisão, se comunicar por mensagens, navegar na internet. Ao captar as ondas cerebrais e o movimento dos olhos, o primeiro protótipo decifrava o que o paciente queria fazer. O projeto acabou engavetado por dois anos, por falta de financiamento.

Nos óculos utilizados no projeto estão fixadas duas câmeras. Uma filma a tela do computador cheia de ícones. A outra mostra para o computador os olhos do paciente. Quando o olhar é fixado em um dos ícones, o sistema sabe o que fazer.

“Ele faz qualquer coisa que faria com o seu mouse e o seu teclado”, destaca o engenheiro de computação Pablo Holanda.

Equipamentos com essa tecnologia podem custar até R$ 80 mil, mas a equipe do laboratório está trabalhando para baixar os custos. As armações dos óculos são feitas na impressora 3D. E todos os programas usados no computador são de “código aberto”, de uso livre. A parte mais cara, a mão de obra, é custeada por meio de bolsas de estudo. Os estudantes e pesquisadores desenvolvem as tarefas e os coordenadores do projeto vão propondo e criando as aplicações do sistema.

“Quando eu colocar isso pra todos os pacientes ou pra um número grande de pacientes, eu vou ter um valor muito mais baixo e muito mais acessível”, considera Ricardo Valentim.

“Com a gente montando ele no Brasil, ele vai custar entre R$ 800 a R$ 1 mil, ou seja, dá uma queda de custo alta. Se conseguir industrializar ele, fica mais barato ainda”, acrescenta Pablo Holanda.

Fonte: G1RN

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