A pesquisa global Ipsos Perils of Perceptions realizada em 2017 em 38 países, elaborada pelo instituto britânico Ipsos Mori, mostrou um dado inquietante em relação ao Brasil. No ranking, que compara opiniões da população com dados da realidade, os brasileiros só estão atrás dos sul-africanos. As informações coletadas foram comparadas com dados de fontes oficiais, resultando no ‘Índice da Percepção Equivocada’. O ranking aponta as distorções entre opiniões e realidade. Os piores resultados foram da África do Sul (1º), do Brasil (2º), Filipinas (3º), Peru (4º) e Índia (5º). A Ipsos entrevistou 29,1 mil pessoas dos 38 países, entre 28 de setembro e 19 de outubro do ano passado.
A citada pesquisa mostrou que apenas 7% das pessoas entrevistadas no mundo pensam que a taxa de homicídio em seu país é menor do que em 2000. No entanto, ela é significativamente menor na maioria dos países. Segundo o diretor de pesquisas da Ipsos Mori, Bobby Duffy, um dos motivos para as pessoas terem uma falsa noção da realidade é a tendência de focar demasiadamente em aspectos negativos. No Brasil, a taxa de homicídios é a mesma de 2000, mas 76% dos entrevistados acreditam que ela é maior. Os brasileiros mostram também uma percepção bem equivocada em relação aos imigrantes que estão presos no país. A maioria acha que a população carcerária é composta por 18% de presos imigrantes, mas a realidade é bem menor, a taxa é de 0,4%.
O Brasil também está fora da realidade sobre proporção de brasileiros conectados à rede social Facebook. Os brasileiros acham que 83% da população está na rede social, mas a realidade é bem diferente: 47% dos brasileiros acessam a rede. Outro dado interessante é que todos os países acreditam que a gravidez na adolescência seja mais frequente do que é na realidade, especialmente na América Latina e África do Sul. Os brasileiros foram os que mais erraram essa questão. O dado oficial é 6,7%, mas os entrevistados pensavam que fosse 48%. Mas dos 38 países pesquisados, o Brasil é o que tem a maior taxa de gravidez na adolescência.
A PESQUISA evidencia o grave problema de falta de aprofundamento das questões sociais, o que é preocupante no mundo e particulaaarmente no Brasil. Este desconhecimento pode amplificar alguns temas que não são os mais importantes para o Brasil e orientar o debate eleitoral em 2018 para prioridades erradas. Sabemos que notícias negativas chamam mais a atenção do que notícias positivas e que elas são processadas de maneira diferente pelo nosso sistema cerebral, provocando -muitas vezes- um alarmismo desnecessário. “O mais preocupante com os resultados desta pesquisa é que percepções erradas geram diagnósticos errados dos problemas do país e, consequentemente, soluções inadequadas”, disse Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil.
