PENSE –
Pensei em falar sobre os bebês reborn, mas desisti. Depois pensei em falar sobre as mães dos bebês reborn, mas desisti. Mais uma vez, pensei nas crianças reborn, mas…
Tá legal!
Precisamos falar sobre isso!
Entre vídeos, posts e textos que recebi nos últimos dez dias, acredito que quase todos falavam sobre esses assuntos. Chegou-se até a levantar a hipótese de serem notícias falsas para movimentar o Instagram.
Penso mais em um delírio coletivo, onde absurdos tornam-se realidade e a série Black mirror não chega aos pés da insanidade que vivemos.
Partos filmados, chás de revelação, quartos decorados com afeto… para os bebês reborn! Acho que cheguei no ponto! Falamos sobre…
A F E T O!
O afeto não transmitido entre os similares é canalizado para os bonecos (desculpe-me chamá-los assim, mas são B O N E C O S!). E o que nos sobra? O choque!
O choque em ouvir discussões sobre leis para as “mamães reborn” receberem tratamento psicológico ou multas financeiras. O choque em ver igrejas proibindo batizados de bebês reborn e advogados falando em guarda de bebês reborn diante da separação dos cônjuges.
O choque em pensar que vivemos uma realidade distorcida cheia de comunidades de IA sexual (pessoas que se relacionam apenas com a inteligência artificial).
Cadê o contato humano? Cadê o sacrifício em manter uma relação? Cadê o esforço em educar um filho? Cadê? Cadê? Cadê?
Pensei em não falar nada disso, mas estava engasgada. Precisava desabafar…
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, autora de “O diário de uma gordinha” e Escritora
