1- O Congresso Nacional possui uma Comissão Mista para fiscalizar a ABIN. Tal comissão raramente se reúne. É para inglês ver.

Caberia a Abin fazer o filtro sobre o curriculum vitae de Decotelli. Por que não o fez? Com a palavra o General Heleno e o delegado Ramagem. Era só esta comissão convocá-los para depor. Por que será que o Congresso continua inerte? Todos com todos? Façam suas apostas.

Como lembra Mario Quintana, “o futuro é o que estamos fazendo hoje”. O futuro de nossa semidemocracia é cada vez mais insípido.

2- O impeachment de Bolsonaro pode estar nas mãos do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Em seu tuiter escreveu: ” (…) São muitos os crimes de Sara Winter. Nenhum deles é mais grave do que os cometidos por @jairbolsonaro e seus filhos”.

Carlos Bolsonaro apresentou ao STF uma interpelação para exigir que o deputado esclareça quais crimes seu pais e filhos teriam cometido. Ou Freixo se retrata ou, provavelmente, o impeachment do presidente Bolsonaro estará muito perto. Se Freixo sabe quais são os crimes, por que ainda não os explicitou?

Caso a denúncia de Freixo seja comprovada será um alívio para alguns ministros do STF. Caso contrário, Freixo terá sua atuação parlamentar chamuscada bem como a do seu partido. Além de atingir em cheio a Frente de Esquerda contra o Presidente da República.

3- Parece que estou voltando ao tempo do regime militar. Pessoas são presas pelo ministro Moraes, e seus advogados não sabem o motivo. E ficam de mãos atadas.

A velha sanha do “prende para averiguar” comumente usada contra integrantes das ditas classes populares, chegando à classe média. Até mesmo jornalista está detido há quatro dias sem que se saiba qual crime cometeu. Não vejo a ABI protestar. Só porque ele é considerado bolsonarista. A reação da OAB é tímida pelo mesmo motivo. Estas duas instituições, ao que tudo indica, foram capturadas por determinada corrente ideológica. Deviam servir a todos os jornalistas e advogados.

Não é deste modo que se constrói uma sociedade civil vigorosa e democrática. Muito pelo contrário sinaliza a fraqueza de nossas instituições.

 

 

 

Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago e Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE

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