1- O Governador de Pernambuco não vem conduzindo a contento o combate contra o corona vírus. Na última quarta-feira (06) sabia-se que Paulo Câmara anunciaria um lockdown no estado para o dia 11.

No entanto, mudou, rapidamente de opinião. E, no mesmo dia, negou que tomaria tal atitude. O que o fez mudar tão rápido de opinião.

Conforme “furo” do jornalista Antônio Magalhães de O PODER, Câmara pediu ao comandante do Comando Militar do Nordeste apoio na implementação do lockdown. O aparato coercitivo estatal não seria suficiente para fiscalizar o plano e coagir os recalcitrantes.

Em outras palavras, o governador queria usar os militares como se fossem sua milícia. Não conseguiu. O CMN recusou-se a fornecer tropas. E assim o lockdown pernambuco foi abatido, pelo menos temporariamente, em seu nascedouro.

2- Abba Eban foi um famoso diplomata israelense. Chegou a ser Ministro das Relações Exteriores de seu país. Era um genial frasista político. Certa vez afirmou, em 2002, que “os árabes nunca perderam um oportunidade de perder uma oportunidade”. Tinha razão. Aos palestinos foram oferecidos vários planos de paz, todos eles rejeitados. Creio que esta frase se aplica ao MST. O Movimento estava calado desde a eleição de Bolsonaro. Quarta-feira (06) anunciou que invadirá as terras das empresas que falirem por conta da pandemia.

Declaração errada na hora errada. Primeiro, porque as empresas que, porventura, quebrarem podem se recuperar. Segundo, porque atiça a direita radical em um momento político delicado. E que a popularidade do Presidente encontra-se em declínio e a direita começa a rachar.

Outra possibilidade, é que a declaração seja intencional. Ou seja, tenha o exato propósito de agitar ainda mais o país, contribuindo para o levante das massas populares. Entraria em ação o que Lula chamou de “Exército de Stédile”. Se este foi realmente o cálculo político estamos transformando o atual conflito existente no país em confronto, no qual uma das partes tem de ser eliminada.

3- Nos EUA, a secretária do presidente Richard Nixon apagou uma gravação de conversa em seu gabinete. Ela, salvo engano, alegou ter sido um acidente. Este fato ajudou no processo de impeachment de Nixon.
Tudo indica que a gravação da reunião ministerial no qual Moro disse que Bolsonaro teria ameaçado demiti-lo caso não mudasse de postura, ter sido formatado. Segundo o ex-ministro da Justiça, a gravação demonstraria interferência política do PR no MJ.

Como não ouvi o áudio, não posso opinar. Mas, posso fazer uma indagação.

Ao contrário do caso Nixon, as palavras de Bolsonaro foram ditas em reunião ministerial, portanto, na frente de vários ministros de estado. E até agora não apareceu qualquer um deles, para confirmar a versão de Moro. Seriam todos marionetes do Presidente ou Moro interpretou, erroneamente as palavras de Bolsonaro?

 

 

Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago; Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE; Consultor da Empower, Consultoria em Análise Estratégica e Risco Político

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