PARA QUEM QUISER VER –

Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada ([email protected])

As prefeituras, através de seus gestores, de um modo geral, costumam propagar seus feitos à luz do dia, aos quatro ventos, para que nunca se diga que não houve trabalho. É através dessa mentalidade provinciana e tacanha que é divulgada em todas as esferas nacionais do executivo e legislativo que aprendemos a aceitar propagandas de rádio, televisão e jornal, jingles, cartazes e faixas, alardeando a competência daquele que deveria tê-la por obrigação.

É importante frisar que aqueles que são eleitos pelo povo para cuidar do povo e manter a cidade, estado ou país, não estão fazendo favor algum em trabalhar e ser honestos. É para isso que foram eleitos. É para cuidar da saúde, educação, transporte e segurança, é para manter as ruas limpas e as praças em bom estado. É para facilitar a vida do cidadão, nunca para dificultá-la.

Parece insano, mas é comum que as prefeituras, em sua maioria, realizem obras de recapeamento asfáltico, manutenção e, até mesmo, pinturas de ruas durante as impraticáveis horas de rush. Se com a rua livre já existe dificuldade em trafegar, como se deve proceder quando uma faixa fica interditada? A quem recorrer se foram os que deveriam organizar a casa que semeiam o caos?

Há alguns anos, um prefeito desta capital dedicou-se às obras de saneamento e foi duramente criticado por uma parcela considerável da população, que condenava suas obras por “serem subterrâneas e não aparecerem” e ninguém as lembraria depois de seu mandato. Eu lembro. Houve um outro prefeito que cuidou de praças e urbanizou as periferias, este foi criticado por só tratar de embelezar a cidade.

Muitos gestores se deparam com as questões práticas da entrega de suas obras: inaugurar e ser chamado de demagogo ou não inaugurar e ninguém saber o que foi feito por ele? Alardear seus feitos em propagandas ou cumprir suas obrigações de forma discreta e silenciosa?

Cada povo tem o governante que escolhe e que merece. Nós fazemos os nossos administradores e cabe a cada um pensar muito em quem votar, cabe a nós ensinar-lhes a probidade. Não somos ingênuos nem incapazes de saber o que foi feito a cada administração. E eles não são crianças que precisam ser lembradas de suas obrigações a cada minuto. As necessidades do povo estão claras e gritam aos ouvidos de mercador dos políticos. Cabe a nós nos fazer ouvir e fazer acontecer. Resmungar e reclamar sem construir não faz efeito nenhum.

 

Ana Luíza Rabelo Spenceradvogada ([email protected])

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