Enquanto “racionamento” é palavra proibida para o governo, investidores e empresários do setor de energia elétrica temem mais ainda a “racionalização”. A redução voluntária do consumo traz mais prejuízo para geradoras e distribuidoras do que a diminuição compulsória da demanda, além de empurrar para 2016 o risco de desabastecimento.
O cenário é mais complicado para as geradoras, que já enfrentam forte pressão de custos por conta do déficit de geração hídrica. Pelas regras do setor, a diferença entre a garantia física das hidrelétricas e o que elas efetivamente produzem é comprado no mercado de curto prazo (“spot”), a preços mais elevados.
Com redução voluntária do consumo e térmicas operando no máximo, a fatia da geração hídrica, na prática, seria menor, obrigando as hidrelétricas a incorrer em custos ainda mais elevados. Só no ano passado, com déficit de geração de 10%, esse efeito trouxe gastos de R$ 20 bilhões. Neste ano, com demanda menor, o déficit hídrico pode atingir até 30%, estima o banco J.P. Morgan, exigindo desembolsos na casa de R$ 52 bilhões. No caso de racionamento, as garantias físicas das hidrelétricas também seriam cortadas, reduzindo a necessidade de compras de energia e o impacto sobre os custos.
