Protagonista do maior escândalo de corrupção da história do País, a Odebrecht foi obrigada a rever suas regras de conformidade para tentar se manter viva no mercado. Desde que o principal executivo da empresa, Marcelo Odebrecht, foi preso, em meados de 2015, um batalhão de executivos foi recrutado para tentar mudar a cultura do grupo. Hoje, 49 diretores trabalham na aplicação de uma série de regras para moralizar a empresa, cuja imagem ficou bastante arranhada no mercado. Até o fim do ano, serão 60 pessoas nessa área. Para bancar esse time, o grupo teve de aumentar em cinco vezes o orçamento da área de conformidade. Em 2015, esse setor consumia R$ 11,3 milhões dentro do grupo. No ano passado, dobrou para R$ 24,3 milhões e, neste ano, deve gastar R$ 64,8 milhões. “Isso não deve ser visto como um custo, mas como um investimento”, afirma a chefe de compliance da holding Odebrecht S/A, Olga Pontes.
Ela conta que, para formar o time de conformidade do grupo, contratou uma empresa de recrutamento internacional e que a disputa por uma vaga foi grande. A executiva conta que os profissionais vieram de empresas renomadas, como o escritório internacional de advocacia Norton Rose Fulbright, Oi, Telemar e Fibria. O sistema aplicado na empresa é baseado em três elos: prevenção, remediação e detecção. O objetivo é criar regras e explicitar o que pode e o que não pode ser feito numa relação com os parceiros da empresa. Uma série de treinamentos são feitos para que os trabalhadores conheçam o negócio e os dilemas éticos de cada segmento. Para garantir a independência dos executivos na execução do plano, a área de conformidade passa a ser ligada aos Conselho de Administração de cada empresa (e não mais ao presidente executivo, como era até 2016).
