O SILÊNCIO DA CRIANÇA –
Certa dia, no calor do cotidiano da vida, caminhando pelas ruas da cidade, me deparo com uma discussão entre pai e filho, ou melhor, não se tratava de uma discussão, pois, só quem falava era o pai. Não sei a motivação, mas algo aconteceu que não agradara o pai. Em determinado momento, pelo calor, do aquecimento das palavras do pai, e com o silêncio velórico do filho, surge um cidadão comum, com o pedido de calma, de paciência ao pai da criança. O pai, não aceitou à intervenção do “estranho” e desferiu-lhe algumas palavras grosseiras; momento que teve inicio uma discussão calorosa, com desaforos de ambas as partes. A criança ficou amedrontada, sabendo que todo aquele momento desagradável, descabido e desnecessário fora causado pelo seu momento de silêncio. Preocupada, quase entrando em desespero, pedia baixinho paz e muita calma para o momento, ao mesmo tempo, no mais puro silêncio, com lágrimas nos olhos foi abraçar e beijar fortemente o pai pedindo-lhe desculpas. O pai compreendeu, e com o mesmo silêncio devolveu-lhe o carinhoso gesto.
Berilo de Castro – Médico e Escritor
