O SENTIDO DA VIDA E O NATAL: UM TEMPO DE RETORNO AO ESSENCIAL –
Com base na ideia desenvolvida por Enéias Carneiro acerca do sentido da vida, entendida não como algo pronto ou imposto, mas como uma construção contínua, revelada nas escolhas, nas relações e na responsabilidade que assumimos diante do outro, o Natal se apresenta como um marco simbólico de profunda reflexão humana e social.
Em meio à correria cotidiana, o Natal surge como uma pausa necessária. Não se trata apenas de uma data comemorativa, mas de um convite ao reencontro com aquilo que verdadeiramente sustenta a existência. O sentido da vida, muitas vezes perdido em meio a metas, consumo e urgências artificiais, reaparece quando somos chamados a olhar para além de nós mesmos.
O nascimento celebrado no Natal carrega um simbolismo universal: a esperança que renasce, a simplicidade que confronta a arrogância e o amor que se manifesta não pela força, mas pela entrega. Nesse contexto, a vida ganha sentido quando deixa de ser centrada exclusivamente no “ter” e passa a se orientar pelo “ser” e pelo “servir”.
Enéias Carneiro nos conduz à compreensão de que viver com sentido é assumir a consciência do nosso papel no mundo. Não é a ausência de sofrimento que define uma vida significativa, mas a capacidade de atribuir valor às experiências, inclusive às mais difíceis. O Natal, portanto, não nega as dores humanas; ao contrário, ilumina-as com a possibilidade de superação, solidariedade e compaixão.
Nesse período, somos convidados a revisitar nossos vínculos. A família, os amigos, a comunidade e até aqueles de quem nos afastamos tornam-se espelhos do que somos e do que escolhemos ser. O sentido da vida se revela, assim, na reconciliação, no perdão e na disposição de recomeçar. Cada gesto simples, uma palavra de acolhimento, um ato de generosidade, um silêncio respeitoso, transforma-se em expressão concreta de humanidade.
O Natal também nos interpela enquanto sociedade. Em um mundo marcado por desigualdades, intolerâncias e indiferença, celebrar essa data exige mais do que símbolos externos: exige compromisso ético. O verdadeiro espírito natalino se manifesta quando a justiça social, a dignidade humana e o cuidado com o próximo deixam de ser discursos e passam a orientar práticas reais.
Ao refletirmos sobre o sentido da vida nesse momento natalino, compreendemos que ele não está em grandes feitos isolados, mas na coerência diária entre valores e ações.
O Natal nos lembra que cada vida importa e que cada pessoa é chamada a ser fonte de luz, ainda que em pequenos gestos.
Que este tempo nos conduza a uma vida mais consciente, responsável e solidária. Que possamos sair do Natal não apenas com celebrações concluídas, mas com propósitos renovados. Afinal, o sentido da vida se constrói quando escolhemos, todos os dias, viver com amor, esperança e compromisso com o outro.
Raimundo Mendes Alves – Advogado, procurador aposentado e vereador em São Gonçalo do Amarante-RN
