“O QUE MAIS TEMES NA VIDA…” –

Nada mais chocante para uma mulher do que a realidade inexorável do tempo. É quando ela se olha no espelho e tem que aceitar que “já não tem 35 anos”. Não existe maior desilusão do que essa. Umas tentam “amarrar” a idade, querendo competir com as jovens, na maneira de se vestir, o que se torna ridículo. Outras, travam uma luta permanente contra o envelhecimento, apelando para tratamentos estéticos e até cirurgias plásticas. Mas não adianta tentar tapar o sol com a peneira. Esses tratamentos tem prazo de validade.

Está provado que 90% do sexo feminino tem pavor à velhice. A autoestima tende a baixar e, às vezes, isso provoca até depressão. Mas cada idade tem sua beleza e seu charme. O importante é que a pessoa “nunca desista dos seus sonhos”, como recomenda Augusto Cury em sua excelente obra.

A reação contra o envelhecimento não é marca registrada das mulheres. Geralmente, os homens, também, tem pavor a essa realidade. Tem medo de perder a virilidade, um fato difícil de esconder. Alguns pintam os cabelos e o bigode, achando que ficarão mais jovens. Entretanto, com isso, às vezes se tornam menos bonitos, pois renunciam ao charme de um cabelo grisalho.

Certos cuidados para com uma pessoa “madura”, apesar de lhe serem dispensados como cortesia, são recebidos, também, como uma forma de discriminação.

“Pois não, senhor!” “Senhora, por favor, sente aqui nesta cadeira!” “O (a) senhor (a) é preferencial! “ “Qual é o segredo da senhora(o) estar tão jovem?” “Tomou o elixir da juventude?” “Quando é que se aposenta?”

Essas frases soam aos ouvidos das pessoas maduras, como um aviso reiterado de que o tempo áureo de suas vidas já passou.

Pois bem. Em Natal (RN), havia um senhor idoso, Seu Amadeus, que negava tanto a idade, que esquecia de que seus três filhos também estavam envelhecendo. Nenhum deles sabia, ao certo, a idade do pai.

Certa vez, em uma roda de amigos, no Bar do Caranguejo, um dos presentes perguntou a Seu Amadeus a sua idade. Em cima da bucha, ele respondeu:

– Tenho 65 anos… – na realidade, ele contava 78.

O filho de Seu Amadeus, que tinha tomado umas cervejas e estava “puxando fogo”, rindo muito, interferiu na resposta:

– Eita, pai! Estou quase pegando o senhor!!!

A gargalhada dos amigos de Seu Amadeus foi grande. Isso deixou o idoso irritado, o que fez com que se retirasse dali imediatamente.

Ficou “de mal” com o filho durante vários dias, e também se afastou do bar por algum tempo.

Evocando Anna Lima, minha avó materna, “poetisa do Açu (ou Assu), e conforme arquivos literários do Rio Grande do Norte, certa vez lhe perguntaram em um “álbum de recordações”:

– O que mais temes na vida?

Resposta da poetisa:

A idade caprichosa,
Que faz da moça bonita,
Uma megera maldita
Uma carcaça horrorosa.

 

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora

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