O “PINTO” CASEIRO –
Quem de nós homens não sofreu e ainda sofre, de vez em quando, de uma leve operação de fisgada em nossas carteiras de cédulas. É o famoso “pinto”; termo usado na gíria popular como: retirada, subtração, pescada, caçada, amadoristicamente falando. Hábito do nosso cotidiano caseiro, sem maldade e sem outras intenções.
O que desperta o “pinto”? Sem sombra de dúvidas é a presença da carteira bem exposta no bolso da calça, deixada de bobeira, de fácil e chamativa atenção. Quanto mais “inchada”, mais vontade e curiosidade da bendita ser enamorada, bem examinada, apalpada e subtraída o seu conteúdo cobiçado: pescar ou caçar, seja uma garoupa (100,00) ou quem sabe uma onça pintada ( 50,00), separadas e/ou unidas.
Existe, ainda, aquele momento muito esperado e especial para a caçadora, quando a vítima vem de uma esbórnia ou chega mais tarde em casa sem aviso prévio. Momento estratégico e melhor para executar à represália ação. O golpe com certeza será dado, até com sabor especial de vingança pela farra inadvertida e desnecessária.
A vítima, no dia seguinte, no equilíbrio de sua ações mentais (não etílicas), ao manusear habitualmente a sua carteira de cédulas, percebe nitidamente a diminuição do seu quantitativo monetário. Mesmo assim, não tem coragem de questionar a sua sutil operadora, temendo uma resposta bem objetiva e certeira, que de imediato cale a sua boca. Tipo: você deve ter gastado em sua bebedeira sem fim e desnecessária! Deve ter pagado a conta de alguém! Não tem como contestar. É calar, calar e calar.
E assim, continua o velho, o mais inocente e amador golpe do “pinto” caseiro. Você já foi vítima? Se não, prepare-se!
Berilo de Castro – Médico e escritor – [email protected]
