O MUNDO MUDA DE CENA EM MENOS DE UM SEGUNDO… –

Enquanto a gente pensa
Que sabe de tudo
O mundo muda de cena
Em menos de um segundo
Yeah! Yeah! Yeah!

(Léo Jaime)

Você já percebeu que a vida tem um talento especial para nos atropelar? Não no sentido literal — ainda bem, porque ninguém merece um boletim de ocorrência para contar a história do tropeço existencial. Falo daquele atropelamento metafórico, desses percalços que aparecem do nada, tipo aquele amigo/parente distante que surge, sem avisar, na porta de nossa casa, naquele instante que estamos de saída para um evento planejado a dias, ou aquela multa que aparece na tela do sitio do DETRAN, no momento que estamos conferindo a quitação do IPVA do carro, que o filho cometeu no feriado da Semana Santa, sem nos comunicar, com o valor digno de um jantar em Paris.

A gente vive achando que é dono da verdade, do roteiro, do controle remoto da própria existência. Mas, spoiler: não somos. A vida não é a projeção das nossas vontades, muito menos uma playlist personalizada que toca só o que a gente gosta. Ela é mais uma rádio pirata, cheia de interferências, mudanças de estação e, claro, aquela música que você não suporta, mas que toca sem parar. Sem falar daquela que fica no juízo o dia inteiro e que nem ao menos gostamos da letra/música. Quem nunca?

E quando menos esperamos, lá vem a mudança inesperada, o fechamento de ciclo que não pediu licença, o filho que resolve morar sozinho — e, de repente, a casa fica tão silenciosa que até o eco se muda. O carro que insiste em não ligar na hora H? Clássico. Parece até que ele tem um pacto secreto com o universo para testar nossa paciência, especialmente quando a urgência médica está instalada.

Ah, e não vamos esquecer do aumento dos gastos cotidianos e dos cortes nos salários pelo governo. Se a Lei de Murphy fosse uma pessoa, ela seria aquele amigo inconveniente que aparece sempre no pior momento, só para lembrar que “se algo pode dar errado, vai dar”. E dá, sim. Sempre dá. Mas, veja só, enquanto a gente pensa que tudo está perdido, que o cenário é preto e branco, a vida muda de cena num piscar de olhos. E, mesmo que a gente se ache o dono do script, ela prega peças, vira a mesa, e nos lembra que viver é, acima de tudo, uma caixinha de surpresas — algumas boas, outras nem tanto, mas todas essenciais.

Então, que tal tirar a pedra do caminho em vez de contorná-la? Pode até doer um pouco, mas a cada obstáculo superado, a gente ganha uma dose extra de sabedoria — aquela que não vem em livro, nem em curso, mas na marra, na vida real. No fim das contas, viver é um ato de coragem. Coragem para rir do caos, para dançar na chuva, para aceitar que o controle é uma ilusão e que, às vezes, o melhor que podemos fazer é seguir em frente, tropeçando, caindo, levantando — e, claro, com uma boa dose de ironia e humor para não enlouquecer no meio do caminho.

Bora pra cima, que a vida não espera e pode mudar em menos de um segundo!

 

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora dos livros As Esquinas da minha Existência e As Flávias que Habitam em Mim, crô[email protected]

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