O MAGO DO FUTEBOL POTIGUAR –

Pedro Teixeira da Silva (Pedrinho 40).
Ao falar sobre o futebol potiguar na década de 1960, era do Estádio Juvenal Lamartine (JL), vem logo a lembrança do treinador Pedrinho 40, considerado abertamente como o melhor treinador da época.

O conheci no início do ano 1961, quando atuava no time juvenil do Riachuelo Atlético Clube (RAC), disputando o campeonato da categoria, patrocinado pela Federação Norte-Rio-grandense de Futebol (FND).

O nosso encontro se deu por meio do convite feito por ele, para assinar contrato profissional com o Alecrim Futebol Clube. Fiquei muito lisonjeado e surpreendido com o convite. Não houve resposta de imediato. Primeiro, porque precisava saber da disposição do Riachuelo Atlético Clube em me liberar, e, em segundo, a permissão do meu pai para assinar um contrato como atleta profissional, ainda muito jovem.

Conversa vai, conversa vem, tudo resolvido — e bem resolvido.

Passei a conviver e a trabalhar com o meu novo treinador. Pessoa simples, de baixa estatura, franzino, bem vestido, comunicativo, bem receptivo, de temperamento forte quando saía da sua lucidez (uma esbórnia exagerada).
Aos poucos, fui percebendo e absorvendo as suas lições de eficiência, disciplina e obediência no campo de jogo. Um olho clínico impecável na escolha e na distribuição dos jogadores em suas posições; um bom enxadrista, sabendo como ninguém colocar suas peças no tabuleiro e armar bem o jogo para a vitória; muito disciplinado no trabalho; uma rica e impressionante visão estratégica para mudar o sistema de jogo, quando necessário. Não era de ficar na beira do gramado gritando e gesticulando; se comportava em silêncio como um bom estudioso e dedicado observador.

Diante desses bons e aplicáveis conhecimentos, passamos a revelar algumas das suas marcantes passagens pelo nosso futebol:

– Treinador da Seleção de futebol do Rio Grande do Norte no ano de 1959. Chegando o ocupar a melhor posição no certame, como representante maior do Nordeste, disputando a sua participação final com a forte e bem armada equipe da seleção carioca, dos craques Pinga, Décio Esteves, Altair e companhia;

– Armou e deixou pronta a equipe do Alecrim Futebol Clube no ano 1963, que conquistou o primeiro campeonato oficial da cidade, entregando o comando ao treinador Geleia, por desacordo interno com a Diretoria;

– Campeão com o Alecrim Futebol Clube, no ano 1964 – na conquista do bicampeonato pelo Verdão;

– Campeão invicto pelo Alecrim Futebol Clube no ano de 1968;

– Formador e treinador da equipe do Riachuelo Atlético Clube no final da década de 1950. Considerado o melhor momento do time em todos os tempos. Contava com craques, como Ivo, Pádua, Aladim, Messias e outros;

– Campeão pelo ABC Futebol Clube no ano de 1966.

Passou por outros times da cidade, como América Futebol Clube, Ferroviário Futebol Clube, Cosern Futebol Clube, sempre fazendo bons trabalhos e recebendo o reconhecimento pela sua efetiva e comprovada competência profissional.

O “mago” Pedrinho 40, há pouco mudou-se com a sua família para a cidade do Recife, onde vive com seus oitenta e sete anos, curtindo uma história inapagável de um futebol que lhe deu glórias, e que marcou ricamente a sua vida com momentos memoráveis e bem vividos.

Valeu Pedrinho 40! O futebol potiguar lhe agradece.

 

Berilo de CastroMédico e Escritor –  [email protected]

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