O DISCÍPULO DE OSWALDO CRUZ –
No início do século, lutando contra a descrença popular, até mesmo de médicos, o cientista Oswaldo Cruz introduziu no Rio de Janeiro a vacinação contra a Febre Amarela. Como o mosquito voltou a ser notícia em 2017, dentro e fora do Rio, Tempo de Amar estabeleceu um elo de ligação entre o passado (1929) e o presente. Um dos personagens positivos da novela, Dr. Reinaldo (CASSIO GABUS MENDES), reabilitou-se perante a opinião pública da época como uma espécie de discípulo de Oswaldo Cruz.
Por causa de uma única charge, em que é retratado namorando uma serviçal doméstica, Reinaldo havia perdido a clientela e demitido do Serviço Público. Um exagero utilizado por Alcides Nogueira para denunciar o preconceito social, que, assim como o racial, tornou-se presença obrigatória nas novelas da Globo.
Viúvo, pai de uma filha ingrata e mau caráter (Lucinda/Andreia Horta), Reinaldo é abandonado por Eunice (Lucy Alves) , que, conhecendo a reação da sociedade contra ele, afasta-se para não prejudicá-lo profissionalmente. No final, além de recuperar a amada, é renomeado no cargo de Diretor-Geral de Saúde Pública (equivalente hoje em dia ao cargo de Ministro) e voltará a ser papai.
Não basta um bom personagem para o ator se destacar numa novela. É preciso, além da adequação física, que tenha bom desempenho dentro dos limites do papel. É o que aconteceu com Cassiano Gabus Mendes, num personagem secundário, sem a personalidade centralizadora do José Augusto, que brilhou (de forma diferente) no mesmo patamar de Tony Ramos. Brilhou com aquela competência contida, mas expressiva, dos atores americanos do passado.
Valério Andrade –  Cinéfilo
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