NOVA ATLÂNTIDA –

 Um misto de incertezas e irregularidades cerceava a vastidão da compreensão. Eram nebulosas as esperanças que se esvaíam entre ventos e geadas. O inverno prometia ser tenebroso, devastando mundos sonhados, quebrando as pontes do sossego interditando as estradas dos pensamentos.

Uma nova aldeia precisava ser levantada, Era imperioso reconstruir e alicerçar histórias que, num tempo pretérito, foram desfeitas pelas desilusões achamboadas. Não havia mais tempo para sustentar as ruínas, pois já emergia a vontade de recompor-se em meio ao caos que se instalara naquele mundo frio, distante e solitário.

O tempo gritava por refazer-se, sim, limpar escombros, juntar cacos, embrulhar pedaços, unir fios e tecer a colcha da esperança. Agasalhar-se com o manto do desconhecido era o único modo de aquecer o desejo de um mundo novo, de um novo fazer com o prazer de construir e se reconhecer em novas vivencias.

Era chegada a hora do ADEUS!

O grito ecoava pelos quatro cantos do oceano: Mundo perdido, submerja às profundezas de Poseidon. Naufrague. Desça ao irrisório merecer do dessentir. Encalhe nas profundezas. Afogue os desamores e o descaso das paixões não correspondidas. Desapareça. Enloda-se… Ressurja… Renove-se…

Talhem, nas tábuas fincadas na entrada da nova Atlântida, os dizeres que renovam a alma, a exuberância dos novos amores e os desejos e vontades idealizados. Abram-se os portões do permitir.

Quebrem as barreiras alicerçadas pelas amarras. Que se abram as passagens secretas para o reconhecimento do verdadeiro amor, revelando o esconderijo precioso do ser. Proclamem o fervor do amar para que possam habitar nossos corações.

 

 

 

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]

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