MORANGO DO AMOR –

Uma verdadeira febre na cidade (ou no país!), todas as docerias e doceiras independentes estão produzindo esses morangos do amor. Todos que compram os benditos colocam fotos no Instagram mostrando que conseguiram seu espécime e que aprovam o sabor. Alguns, confesso, fazem vídeos que parecem tentar ser sensual, mas que ficam cômicos: o morango não quebra a casca e se força a bendita com uma careta…

Ainda não provei.

Deve ser bom, gostosinho, bonitinho, talvez romântico para alguns (não acredito que seria para mim), mas não me faz sair de casa e enfrentar fila de espera. Sem falar no medo de quebrar um dente, destruir uma restauração, coisas do tipo que todo dentista pensa…

Prefiro neste momento fugir das docerias, porque elas estão entulhadas de gente esperando esses morangos, que também poderiam ser chamados de morango da desavença, da briga, do tempo de espera, do preço alto.

Sim! As docerias estão lucrando muito (que bom!), mas eu acho meio insano o valor estipulado também. Não sou de pregar moralidade sobre isso, mas quase $20 por um morango com brigadeiro e casca de caramelo? Não acho razoável…

Não sei se porque comparo à nossa fofa maçã do amor. Aquela comumente encontrada na festa do boi do Rio Grande do Norte, nos parques, nas festas juninas, coberta por caramelo e algumas vezes com confeitos coloridos.

A original!

Cara de infância.

Gosto de infância.

Lambança de infância.

Nada apoteótica, com caras e bocas para dar dentadas em vídeos que buscam likes no Instagram.

Lembra a Branca de Neve e sua madrasta má. Ou Adão e Eva. Ou a Apple. Ou os Beatles. Ou a lei da gravidade. Uma maçã!

Mas, perfeitamente simples com seu palito de picolé enfiado no seu miolo para pegarmos e passearmos enquanto comemos… e até compartilharmos… sem vídeos… sem crec crec da casca… apenas sendo nós mesmos…

 

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, autora de “O diário de uma gordinha” e Escritora

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