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Uma manifestação foi realizada na tarde desse domingo (17) em frente ao supermercado Extra na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em protesto contra a morte de Pedro Henrique Gonzaga. O jovem, de 25 anos, morreu após ser agredido com um ‘mata-leão’ por um segurança do estabelecimento na quinta-feira (15).
Diversos movimentos sociais estiveram presentes no protesto, realizado no estacionamento do supermercado. Cartazes com dizeres como “Vidas negras importam” e “Minha cor não é um crime” foram colados na grade de proteção do local.
Enquanto parte dos manifestantes realizava discursos em um carro de som, outra se postou na entrada do estacionamento para convencer clientes a desistirem de entrar no supermercado.
O ator Aílton Graça também esteve no protesto na Barra da Tijuca. Ele falou sobre a importância de protestar e pediu um “basta” e respeito ao cidadão.
A Polícia Militar mandou equipes para acompanhar o ato e reforçar o policiamento no local. Apesar do grande número de pessoas, o trânsito na Avenida das Américas não foi interrompido até as 16h deste domingo.
Alguns motoristas chegaram a recuar depois de saber que a morte de Pedro aconteceu na unidade da Barra da Tijuca da rede de supermercado. Cada carro que ia embora era comemorado pelo grupo.
O protesto também aconteceu em em outros estados dos país como São Paulo e Pernambuco. O protesto no Extra Benfica, na Zona Oeste do Recife, teve início por volta das 14h do sábado (16), com cerca de 20 participantes.
Os organizadores percorreram algumas áreas do estabelecimento e fizeram performances gritando frases como “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. Alguns dos clientes que estavam no estabelecimento acompanharam a ação.
Na capital paulista, manifestantes fizeram uma manifestação no Extra da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na altura da Alameda Ribeirão Preto, região central de São Paulo. O ato começou por volta das 14h30 deste domingo (17).
O grupo levou faixas com as frases “não consigo respirar” e “vidas negras importam”. Segundo a Polícia Militar, eles ocupam a calçada e o estacionamento do supermercado e não há bloqueios de vias. Com o protesto, o mercado, que funciona 24 horas, fechou as portas.
Em Fortaleza, um grupo realizou um protesto em frente ao hipermercado Extra do Bairro de Fátima. Durante o ato, os manifestantes entraram no estabelecimento com cartazes e gritaram palavras contra a morte de Pedro Henrique.
Os participantes também se reuniram no estacionamento do Extra e discursaram contra o ocorrido. A manifestação foi organizada por movimentos nas redes sociais. A polícia cearense não registrou ocorrência na manifestação.
Ao ser questionados sobre as manifestações, Extra afirmou que “entende a dor e se solidariza com o sentimento em torno da morte do Pedro Henrique”. A empresa disse ainda que é “contra todo ato de violência, excessos e racismo” e que está contribuindo com as autoridades responsáveis para que o episódio se esclareça rapidamente.
Na tarde de ontem (17), um grupo de pessoas se reuniu na unidade do Extra, em Aracaju (SE), para protestar contra a morte de Pedro Henrique Gonzaga. O estabelecimento funcionou normalmente durante a manifestação, que foi iniciada por volta das 15h30 e durou cerca de uma hora.
O ato começou em frente a uma das portas do estabelecimento. Em seguida, alguns manifestantes entraram na loja e simularam o golpe aplicado pelo segurança para imobilizar a vítima e ergueram cartazes com palavras contra o racismo.
O corpo de Pedro Henrique Gonzaga, de 25 anos, foi enterrado neste sábado (16) no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio. Muito abalada, a mãe dele não foi ao enterro e familiares que estiveram na cerimônia preferiram não conversar com a imprensa.
Parentes e pessoas próximas contaram que a vítima tinha um filho pequeno, de apenas oito meses.
Na sexta (15), a TV Globo teve acesso a imagens de câmeras de segurança do supermercado que mostram o início da confusão que terminou com a morte do rapaz.
O vídeo mostra Pedro correndo em direção ao vigilante, que está parado junto a outro funcionário do supermercado próximo à entrada do estabelecimento. Eles parecem conversar por alguns instantes e uma mulher se aproxima. Em seguida, Pedro Henrique cai no chão.
O funcionário do estabelecimento e o segurança levantam o rapaz, mas a confusão continua e ele cai uma segunda vez. Em outro vídeo compartilhado em redes sociais é possível ver o jovem sendo imobilizado. Bombeiros ainda tentaram reanimar Pedro Henrique, mas o jovem não resistiu.
O segurança Davi Ricardo Moreira disse em depoimento à polícia que Pedro Henrique estava nervoso e ameaçava matar todos que estavam no local. Na declaração, o segurança alega que o rapaz falava repetidamente: “Vou matar! Vou matar!”.
O vigilante afirmou em depoimento não ter apertado Pedro pelo pescoço e disse que “permaneceu apenas com seu peso por cima da vítima”.
“Eles fazem a contenção, retiram a arma e o garoto desmaia. O que se acredita que tenha sido uma simulação naquele momento. O próprio segurança reporta. ‘Ele está mentindo, ele está mentindo, ele está simulando um desmaio como anteriormente havia simulado'”, diz a defesa.
O segurança foi preso em flagrante, mas deixou a Delegacia de Homicídios da capital na madrugada desta sexta (15) após pagar fiança de R$ 10 mil, segundo a polícia. Davi Ricardo foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
‘Tá sufocando ele’
Desesperada, a mãe de Pedro Henrique assistiu toda a cena que terminou com o filho morto. Ela contou que estava com uma amiga e o filho no caixa do supermercado quando o rapaz saiu de perto dela. Em seguida, a mãe contou ter visto o filho cair na porta do estabelecimento.
A mulher disse ter ido ao local para tentar levantá-lo e avisou que o Pedro Henrique estava sob efeito de drogas porque, segundo ela, era usuário. Naquele momento, afirma, começou uma briga com os seguranças.
Em nota, a rede de supermercados Extra informou “que não aceita qualquer ato de violência, excessos e repudia toda forma de racismo”.
Também no texto diz que “não vai se eximir das responsabilidades diante ocorrido” e que tem “interesse em esclarecer a situação o mais rápido possível”. “Estamos colaborando com as autoridades fornecendo todas as informações disponíveis”, informa a nota.
O Extra também afirmou que “os seguranças envolvidos na morte do jovem foram imediatamente e definitivamente afastados” e “a companhia instaurou uma sindicância interna e acompanha junto à empresa de segurança e aos órgãos competentes o andamento das investigações”.
“Nada justifica a perda de uma vida. A companhia se solidariza com os familiares de Pedro Henrique de Oliveira Gonzaga nesse momento de dor e de tristeza”, diz a manifestação.
Fonte: G1