
Dois pacientes vindos de Manaus receberam alta nessa quinta-feira (28) do Hospital Estadual Giselda Trigueiro, em Natal. Eles estavam internados no Rio Grande do Norte desde o dia 18 de janeiro, quando vieram do Amazonas para receber tratamento contra a Covid-19, em virtude do colapso no sistema de saúde da capital amazonense.
Os pacientes Keitiane Teixeira do Nascimento, de 39 anos, e Róbson Sena do Nascimento, de 40 anos, são casados. Os dois foram internados na UTI do Giselda para o tratamento e chegaram a receber oxigênio, mas não precisaram ser intubados. Durante esse processo, Róbson perdeu a mãe para a COVID-19 em Manaus e, dois dias depois, Keitiane também perdeu a mãe dela. Eles disseram que sequer viveram o luto dos parentes que perderam no Amazonas.
“Eu fiquei aqui onze dias, e perdi minha mãe lá em Manaus. Ela também perdeu a mãe dela lá. Tivemos sorte de vir para cá. Muito obrigado”, disse emocionado Róbson.
Outros sete já tinham recebido alta do Hospital Municipal de Natal na última quarta-feira (27). A expectativa é que outros seis internados no Hospital Universitário Onofre Lopes recebam alta na tarde desta sexta-feira (29). Ao todo, o estado recebeu 41 pacientes com Covid-19 oriundos de Manaus. A primeira leva de pacientes chegou no dia 18 de janeiro. A última leva, de 13 pacientes, chegou ao estado na última segunda-feira (25).
O casal embarcou de volta para Manaus em voo custeado pelo Ministério da Saúde e pelo governo do Amazonas.
Róbson afirmou ainda que a qualidade do atendimento não foi apenas da equipe médica, mas também da equipe multidisciplinar de fisioterapeuta, nutricionista, enfermagem e assistência social. “Em Manaus não tínhamos nada disso. É um alívio. Nós nascemos de novo, nós viramos potiguares, aqui é uma nova maternidade. Se passássemos mais um dia em Manaus, hoje nossas três filhas não teriam a gente com elas”, afirmou.
Segundo André Prudente, diretor do Giselda Trigueiro, ambos chegaram precisando de bastante oxigênio e necessitaram usar a ‘máscara de Hudson’, que é um dispositivo que faz com que a pessoa tenha acesso a uma quantidade de oxigênio bem maior do que o cateter nasal. Ele se recuperou antes e ela deixou de utilizar o oxigênio há dois dias, ficou em observação para ver se não tinha nenhuma piora, e como só evoluiu para a melhora, recebeu alta.
“Nós viemos os dois juntos para cá bem ruins e em nenhum momento tiraram meu esposo de perto de mim. Vocês me deram uma nova chance de viver, de voltar para minhas filhas, para minha família. Eu só tenho a agradecer e dizer do carinho que tenho por vocês. Muito obrigada mesmo”, declarou Keitiane.
Keitiane lembrou que em Manaus chegou a revezar o oxigênio com mais três pacientes e que já estava em um momento muito crítico. “Toda equipe daqui é excepcional. Foram humanos com a gente. Perdi minha mãe estando aqui, e eles me deram todo o suporte”.