LEMBRANDO O SÍMBOLO DA MEDICINA –
Sempre desejei conhecer a origem e a história deste símbolo. Vez por outra, essa vontade era estimulada, mas nunca concretizada. Finalmente, fui contemplado pela sorte ao encontrar nos alfarrábios as respostas que tanto almejava. Embora suprido dos informes necessários, percebi algumas diferenças nas versões de mitógos e historiadores, mas que não serviram de obstáculos na elucidação dos objetivos desejados.
O símbolo da medicina nos primórdios compostos de uma haste, bastão ou cajado e nele, estavam enroscados duas serpentes. Este símbolo originou-se na antiga Mesopotâmia, há cerca de cinco mil anos. Os sumérios iniciadores da religião mesopotâmica, consideravam a serpente – conhecida como SACHAN – como um símbolo da juventude por ter o poder de trocar de pele anualmente, rejuvenescendo-se e, que vivia próximo às profundezas da terra, onde habitava a deusa EA, das águas e saúdes.
Esta simbologia foi transmitida até o reinado de HAMURABI, na Babilônia, que retirou uma das serpentes do cajado. Antes, muitos confundiam com o caduceu de HERMES, também com duas serpentes, que se diferenciava por ter duas assas na parte superior do bastão. Com a retirada de uma serpente, chegou à antiga Grécia, oito séculos mais tarde, quando incorporou conceitos da religião mesopotâmica para a sua mitologia.
Para o mundo pagão da mitologia, os gregos foram buscar na mais alta hierarquia do Olimpo, o mais belo e mais lírico de todos os deuses, – APOLO – , de cuja cabeça deveria surgir o deus da medicina: ASCLEPIO. Entretanto, a concepção de um deus da medicina não nasceu dos gregos, como se acredita. Ela veio de um tronco, cuja progênie teve origem na Fenícia, onde recebeu o nome de ESMOUN. Dalí, esta divindade foi levada para o Egito com o nome de TOSORTHOS.
Uma outra afirmativa, é que tenha chegado à antiga Grécia antes da destruição de TROIA, quando lhe foi dado o nome de ASCLÉPIO. Com a expansão do Império Romano, a mitologia grega passou a ser assimilada pelo mundo latino, cuja a mitologia, embora não possuísse o misticismo, a expressão e a beleza da mitologia grega teve também sua época de domínio e de poder. Foi então que ASCLÉPIO passou a ser conhecido como ESCULÁPIO.
Filho de APOLO e de CORONIS, nasceu no Monte Titon, no Peloponeso. O seu culto espalhou-se rapidamente, sendo personificado em memoráveis estátuas, dentre elas, uma de outro e marfim erigida em Epidauro. Nela, estava assentado num trono, tendo na mão esquerda um bastão, onde se enroscava uma bonita serpente.
Homero, tentou levantar a origem mitológica de Esculápio, afirmando ter tido ele uma vida muito agitada e venturosa. Como médico, curou moléstias e ressuscitou mortos. Mas, ao tentar usurpar os poderes e os direitos da divindade suprema, foi castigado a ser venerado soba forma de uma serpente. Roma deu mais dignidade a Esculápio do que Atenas a Asclépio.
Homero ainda acrescenta que ele teve dois filhos, Machaon e Podalírio, que serviram como médicos na guerra de Tróia. Um outro descendente se tornou famoso – Hipocoon -, presumindo avô de Hipócrates. Segundo outros mitólogos, ele teve ainda outras filhas, entre elas, duas se tornaram deusas: Panaceia e Higéia, cuja função era exterminar as doenças.
Esculápio, foi muito venerado na antiguidade, tanto pelos gregos, como pelos romanos que representavam-no como um homem sério ao lado da filha Higéia, e na mão direita, um cajado enroscado por uma serpente com o símbolo maior e inseparável da medicina.
Existia uma curiosa particularidade nesta alegoria: é que sempre havia aos seus pés, um galo e um gato, como emblema da vigilância e da constância. Este emblema deveria ter sido símbolo da medicina pelo profundo significado que ele representa.
Tudo isso faz parte de um mundo lendário que sempre enriqueceu a imaginação dos homens.
Jahyr Navarro – médico
