AB valerio mesquita

Valério Mesquita*

Dos ex-governadores do Rio Grande do Norte nenhum teve tanto apreço por vereador que Lavoisier Maia. Era o seu estilo. O velho Boileau já dizia que “le style c’ est  l’homme même“.

O doutor Aluízio Magalhães, saudoso secretário de cultura do MEC e presidente do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que Collor destruiu depois, havia visitado a nova passarela do Forte dos Reis Magos. Culto, falava seis idiomas, escritor e intelectual dos mais lúcidos do país, comprometera-se com a restauração da Cadeia Pública de Mossoró, hoje Centro Cultural. Pediu-me para procurá-lo na primeira viagem que fizesse a Brasília, pois, com o projeto já aprovado, liberaria os recursos. Com vinte dias fui a Brasília.

Na sede do IPHAN, pela amizade que fizera com ele, fui logo conduzido ao seu gabinete. Encontrei-o falando fluentemente o francês com três senhores que o visitavam. Para não ficar ouvindo o que não entendia, aproveitei a presença da secretária a fim de me ligar com o governador do Rio Grande do Norte. Queria, na verdade, buscar reforço político instantâneo para a reivindicação que ia fazer, colocando-o em contato com o secretário de cultura do MEC. Miriam, secretária de Lavô, transferiu a ligação: “Governador, aqui é Valério. Estou em Brasília, no IPHAN-Pró-Memória…“. “Tá aonde?”, cortou o governador. “Brasília??”. Admirou-se Lavô e arrematou: “Mas, você viajou e não resolveu o problema do vereador Manoel Ferreira, do PDS!!”. “Mas governador eu estou…“. “Manoel não pode sair do PDS“, interrompe Lavô em tom político-pedagógico. “Governador, quando eu voltar…“. “E volte logo!!“. “Mas eu quero que o senhor fale com o doutor Aluízio Magalhães, é sobre Mossoró, Mossoró!!“. Aí ele abrandou. Esqueceu o vereador e lembrou-­se da restauração do monumento. Depois, pensei comigo que o vereador Manoel Ferreira quase fazia o que Lampião não conseguiu: “bagunçar a Cadeia Pública de Mossoró“.

 (*) Valério Mesquita – Escritor e Presidente do IHGRN – [email protected]

 

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