O grupo de parlamentares do Partido Democrata que atua como promotores de acusação no julgamento de impeachment contra Donald Trump encerrou nessa quinta-feira (11) a apresentação de seus argumentos contra o ex-presidente dos Estados Unidos.

“Pedimos humildemente que condenem o presidente Trump por um crime do qual ele é totalmente culpado”, afirmou Joe Neguse, um dos promotores.

“Porque se não o fizerem, se fingirmos que isso não aconteceu, ou pior ainda, se deixarmos sem resposta, quem pode garantir que não vai acontecer de novo?”, concluiu.

Os advogados de Trump terão 16 horas a partir desta sexta-feira para apresentar sua defesa.

Argumentos

Nesta quinta, os promotores tinham suas últimas oito horas para apresentar os argumentos de acusação.

Diana DeGette, uma das promotoras do impeachment, começou sua fala apresentando uma gravação que mostra os invasores dizendo que o republicano ficaria feliz em saber que eles estavam lutando por ele.

“Nós não estamos aqui para punir Donald Trump”, disse DeGette. “Estamos aqui para evitar que as sementes de ódio, que foram plantadas, floresçam e deem frutos.”

O deputado democrata Joe Neguse defendeu que não há dúvidas de que Trump tenha encorajado os atos violentos dos seus apoiadores.

Trump é processado por ter incitado uma insurreição no momento em que os parlamentares oficializavam a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais — uma etapa apenas formal antes da posse. No tumulto, cinco pessoas morreram

Os deputados dizem que Trump já vinha incentivando a violência meses antes do episódio no Congresso americano. Nesta quinta, a acusação adiantou que vai argumentar com o fato de que o republicano não apresentou nenhum sinal de arrependimento, e tratou o caso com indiferença.

Na quarta (10), novas imagens do ataque foram divulgadas pela acusação

O congressista Julián Castro, outro dos nove promotores do impeachment de Trump, disse aos senadores que “o mundo está assistindo” se a justiça será feita neste julgamento.

Nesta sexta, a defesa do ex-presidente vai apresentar seus argumentos para o Senado, que atua como júri no processo de impeachment. Eles dizem que o Trump não pode ser responsabilizado pelo ocorrido.

Os advogados de Trump disseram a jornalistas que não pretendem usar todas as 16 horas disponíveis para a defesa do magnata. Caso as argumentações terminem ainda na própria sexta-feira, é possível que o Senado se reúna no fim de semana para votar pela decisão ou não do impeachment.

Julgamento de impeachment

O processo de impeachment passou na Câmara antes mesmo de Trump deixar o cargo. Porém, o Senado só teve tempo para iniciar o julgamento após a posse de Biden. A constitucionalidade do julgamento de um ex-presidente chegou a entrar em questão, mas por duas vezes os senadores aprovaram que o processo seguisse em frente.

Se condenado por 67 votos no mínimo, cenário ainda improvável, uma nova votação pode cassar os direitos políticos do republicano. No primeiro dia de sessão, os senadores aprovaram por 56 votos a favor e 44 contra a constitucionalidade do julgamento de um presidente que já deixou o mandato.

Com o Senado dividido igualmente entre governistas e republicanos na oposição, o resultado significa que seis senadores do partido de Trump pretendem seguir em frente com o processo.

Entretanto, esse número ainda é insuficiente para condenar Trump. Seriam precisos 17 senadores republicanos dispostos a condenar o ex-presidente, e, por enquanto, não houve nenhuma movimentação que apontasse que esse total seria atingido.

É esperado, ao mesmo tempo, que todos os 50 senadores democratas e os independentes que votam com o partido de Biden aprovem condenar Trump.

Crime ao incentivar invasão

O julgamento está transcorrendo dentro do mesmo prédio onde senadores foram obrigados a fugir um mês atrás quando uma multidão invadiu o edifício.

Nove deputados democratas que atuam como procuradores contra Trump iniciaram os procedimentos na terça-feira exibindo um vídeo contundente que alternou trechos do discurso de Trump e cenas do ataque, incluindo alguns que mostraram policiais sendo agredidos e um agitador baleado fatalmente pelas autoridades.

Os democratas acusaram Trump de cometer um crime imperdoável ao incentivar seus apoiadores a impedirem uma transferência de poder pacífica, um bastião da democracia norte-americana.

Ele fez um discurso emotivo contando como foi separado de sua filha e seu genro durante a violência.

Os advogados de Trump argumentaram que a retórica de seu cliente, incluindo as alegações falsas de que a eleição foi roubada, está protegida pela garantia da Primeira Emenda da Constituição à liberdade de expressão e que os indivíduos que invadiram o Capitólio são responsáveis por seu próprio comportamento criminoso, e não Trump.

Fonte: G1

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