A greve dos Correios entrou em seu terceiro dia nesta sexta-feira (22) com a adesão de mais um estado, o Acre. Assim, de acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a paralisação atinge 21 estados e o Distrito Federal.
De acordo com a entidade, a paralisação é parcial, com redução de funcionários nas agências. Mas a adesão tem aumentado nos locais em que foi declarada greve, segundo a federação. A paralisação afeta principalmente a área de distribuição.
Dos 31 sindicatos ligados à Fentect, somente dois ainda não realizaram assembleia: Rondônia e Roraima.
As agências franqueadas não estão participando da greve. Atualmente, são mais de 6.500 agências próprias dos Correios pelo país, além de 1 mil franqueadas.
A paralisação envolve os trabalhadores dos sindicatos de Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, São Paulo (Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba e Santos), Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais (MG, Juiz de Fora e Uberaba), Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul (RS e Santa Maria), Sergipe e Santa Catarina.
Levantamento parcial dos Correios realizado na manhã de quinta mostra que 91,65% do efetivo total no país estava trabalhando, o que corresponde a 99.504 empregados. Na quarta, o balanço da estatal mostrava que 93,17% do efetivo total estava trabalhando, o que correspondia a 101.161 empregados. Portanto, os números indicaram que houve aumento da adesão de funcionários.
Esse número é apurado por meio de um sistema eletrônico controlado pelos gestores da empresa, que monitora as ausências dos funcionários. Segundo a Fentect, na quinta-feira, a ferramenta teve um problema na sua operação, o que pode ter afetado o controle de quantos empregados estavam efetivamente em greve.
Segundo a Fentect, foram mais de 50 dias de negociação, sem sucesso. Entre os motivos da greve estão o fechamento de agências por todo o país, pressão para adesão ao plano de demissão voluntária, ameaça de demissão motivada com alegação da crise, ameaça de privatização, corte de investimentos em todo o país, falta de concurso público, redução no número de funcionários, além de mudanças no plano de saúde e suspensão das férias para todos os trabalhadores, exceto para aqueles que já estão com férias vencidas.
A Fentec reitera que a greve foi o último recurso e que está aberta a negociação, pois entende a importância que os Correios têm para o país e que sua luta é contra o sucateamento de serviços e por melhores condições de trabalho. A entidade afirma que “está tentando junto aos Correios, Tribunal Superior do Trabalho (TST) e governo alternativas para o conflito”.
Além da Fentect, outra federação representa os trabalhadores da categoria, a Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect). A entidade diz que ainda está negociando com a empresa. A Findect tem 5 sindicatos filiados, que incluem os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
A entidade defende a necessidade de ouvir a íntegra da proposta de acordo coletivo de trabalho 2017/2018 para então realizar assembleias, marcadas para o dia 26 de setembro.
Os Correios informam que nas localidades onde há paralisação já colocou em prática seu plano de continuidade de negócios para minimizar os impactos à população.
A estatal diz que continua disposta a negociar com os sindicatos que não aderiram à paralisação para que o acordo coletivo seja assinado e considera que a greve “desqualifica o processo de negociação e prejudica o esforço realizado por todos os empregados durante este ano para retomar a qualidade e os resultados financeiros da empresa”.
Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta.
Nesta quinta-feira (21), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que existe a possibilidade de privatizar os Correios, mas afirmou que ainda “não há uma decisão tomada”, já que “isso é uma coisa que tem que ser tratada com muito cuidado”.
Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.
Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.
Os Correios anunciaram em março o fechamento de 250 agências, apenas em municípios com mais de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.
Em abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão de servidores concursados vinha sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.
Em março, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que, se a empresa não promovesse o “equilíbrio rapidamente”, “caminharia para um processo de privatização”.
A estatal alega ainda que o custeio do plano de saúde dos funcionários é responsável pela maior parte do déficit da empresa registrado nos últimos anos. Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários, com 7%. Os Correios tentam negociar com os sindicatos um corte de até dois terços das despesas de custeio.
Fonte: G1
