AB TULIO LEMOSTulio Lemos

30 de abril de 2015. Dia que marca a última edição impressa de O JORNAL DE HOJE. Para alguns, é o fim; para outros, o começo de uma nova era, uma nova etapa. Chega um determinado momento em que a semente precisa morrer para frutificar em outra forma, germinar e criar uma nova vida. Será assim com o JH.

Quando fui convidado pelo professor Marcos Aurélio de Sá para ser colunista do matutino JH Primeira Edição, aceitei o desafio e me entreguei integralmente ao novo projeto. Me fascinava o fato de poder trabalhar em um veículo de comunicação que não estava atrelado a nenhum grupo político, cuja linha editorial era pautada apenas pelo equilíbrio e pela independência. Não me arrependi. Pelo contrário. A experiência me fez ainda mais admirador do homem, do professor e do profissional Marcos Aurélio.

Surgiu outro desafio na mesma empresa: Editar as páginas de política e ser colunista do tradicional O JORNAL DE HOJE, único vespertino do Estado, seguindo a mesma linha editorial de liberdade e independência. Assim como faço em tudo que acredito, me integrei de forma completa ao novo projeto.

O RN é um Estado em que alguns se acham ou se achavam proprietários de tudo, incluindo até o pensamento de quem ousava discordar. Marcos Aurélio de Sá teve a ousadia de imprimir um jornal em que os poderosos não mandavam em sua linha editorial, pautada pela independência e distância dos grupos políticos que dominavam o Estado. Não pense que foi fácil. Mas Marcos tinha um ideal e não havia preço a negociar para ir adiante com seu projeto. Alguns tentaram intimidar, pressionar, perseguir, desprezar, cooptar… Nada disso funcionou porque havia alguém no comando que não admitia sequer ser abordado com insinuações a respeito de retroceder em seu ideal.

A liberdade é algo inalcançável para muitos. Liberdade para falar o que pensa é uma verdadeira raridade na imprensa do RN. Nesses anos todos trabalhando neste O JORNAL DE HOJE, posso testemunhar que tive total e irrestrita liberdade como colunista e como editor de política. Jamais Marcos Aurélio me pediu para tirar alguma nota ou fazer algo que contrariasse minhas convicções. Repito: Isso é raro no jornalismo potiguar. Aqui, a liberdade sempre foi exercida com responsabilidade, pautada sempre na veracidade dos fatos. A verdade sempre foi nosso alicerce e nosso amparo contra as eventuais pressões de quem se sentia incomodado com a publicação da verdade indesejada. Ao professor Marcos Aurélio de Sá, que tornou-se muito mais que um patrão, mas um amigo de verdade, um irmão, um pai, minha eterna gratidão pela confiança depositada e pode contar sempre comigo em qualquer situação.

Trabalhar com independência, liberdade e responsabilidade nos fez diferentes. Naturalmente que isso provocou inveja até entre colegas de profissão. Os políticos, em sua grande maioria, também não gostavam muito de nossa linha editorial, pois não havia amigos a proteger nem inimigos a perseguir. Ou seja: Todos poderiam ser alvo de alguma matéria negativa, de uma alguma crítica ou mesmo de denúncia. Mas a pluralidade garantida pela direção do jornal fazia com que todos tivessem espaço para dar sua versão, expor sua verdade. Nunca foi negado espaço ao contraditório e isso é sempre foi uma marca deste JH.

Em função da liberdade invejada que tínhamos no JH, é possível que tenhamos cometido erros ou injustiças. Aproveito para pedir desculpas humildemente; se houve erro, não foi deliberado; se cometemos alguma injustiça, não foi proposital. A vantagem é que aqui, nas páginas deste JH, erros cometidos eram corrigidos e eventuais injustiças também mereciam reparo.

A redação de O JORNAL DE HOJE transformou-se em uma extensão de minha casa; uma verdadeira família se formou no encontro cotidiano, forçado pela pressão do relógio. Sylvia Sá comandou a redação com profissionalismo, humildade e integração com os colegas. Apesar de ser ‘a filha do dono’ do jornal, Sylvia soube ser profissional que cobrava com respeito e se integrava de fato à construção do conteúdo diário. Marcelo Sá comandou a parte gerencial com discrição e responsabilidade; depois, acumulou com o nascimento do portal do JH. Os demais profissionais também tiveram parcela fundamental de importância na produção final de nosso conteúdo.

Os três atuais repórteres de política, Ciro Marques, Alex Viana e Joaquim Pinheiro, merecem nosso registro. Ciro, o mais novo, revelou-se um grande profissional; perspicaz, ético, pesquisador, corajoso e um amigo-irmão que ganhei. Alex Viana, experiente e antenado com o que os políticos diziam e com o que omitiam; produtor de muitos textos que viraram manchete. Joaquim Pinheiro é nosso decano; homem que viveu a história da política recente do RN com olhar interiorano e acesso irrestrito a todas as correntes. Homem aparentemente ‘sisudo’, mas proprietário de um grande e generoso coração.

Tínhamos três diagramadores, responsáveis por dar forma ao conteúdo. Roberto Canuto, um irmão que ganhei com a profissão; atento a todos os detalhes, olhar vigilante aos mínimos detalhes, espirituoso e inteligente. Íris Araújo, a rainha da diagramação, cujas tiradas contaminavam o ambiente com sua alegria, sem perder jamais o profissionalismo. Fábio Ewerton, o Fabinho, apesar da juventude, sempre mostrou muita experiência e conhecimento técnico na área; um FDR que marcou nosso convívio. Ricardo Araújo, o Ricardinho, era o ‘tratador de fotos’, o homem do photoshop, que retirava as imperfeições naturais das fotografias. Dedicado, sem pressa, sempre deu conta de tudo que lhe era atribuído.

Aos demais repórteres das outras editorias, nosso reconhecimento pelo profissionalismo e pelo convívio amigável. Aos funcionários que ‘rodavam’ o JH, os homens das máquinas, nosso agradecimento. Aos entregadores, nosso abraço e também reconhecimento pela tarefa de fazer chegar aos leitores, o fruto de nosso trabalho. Aos servidores dos demais setores, nossa gratidão pelo trabalho e amizade construída. A Dona Carminha, funcionária mais experiente do jornal, nosso carinho e eterno reconhecimento de sua dedicação e profissionalismo inatacável.

Agradeço a todos da minha família, pelo apoio ilimitado e compreensão. Especialmente, agradeço a minha esposa Andréa, pelo estímulo permanente e amparo nas dificuldades. Aos meus filhos, pelo apoio incondicional ‘no escuro’. Aos meus pais, minha gratidão pelo respaldo contínuo e integral.

O JORNAL DE HOJE deixa o papel para ser virtual. É um novo caminho, um novo desafio. Não se discute os desígnios de Deus. Apenas nos adaptamos a eles. Que DEUS possa iluminar e proteger os novos caminhos de todos os profissionais que aqui trabalharam.

Se DEUS quiser, nos encontraremos no mundo virtual.

Forte abraço do amigo

Tulio LemosJornalista

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