O Governo está analisando com cautela o possivel êxito na derrubada da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. Com um Congresso ansioso por cargos e emendas, o presidente e seus ministros próximos definiram que, para cada denúncia apresentada, haverá uma defesa específica. Os estrategistas  entendem que uma vitória em plenário na análise da denúncia por corrupção passiva não significa necessariamente um caminho pavimentado quando forem analisadas as acusações de organização criminosa e obstrução de Justiça, que ainda serão apresentadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.  Eles compreendem que essa estratégia precisa ser cirurgicamente definida. E que é fundamental analisar-se caso a caso, denúncia a denúncia. Se Janot adotou a estratégia política de fatiar os processos para desgastar o Planalto, obrigando Temer a negociar o apoio dos aliados mais de uma vez, não faria sentido o governo definir um plano de ação único para todos os casos.

A primeira batalha a ser travada é na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), composta por 66 deputados. Os aliados otimistas apostam que o governo teria 50 votos. Já os oposicionistas acham que os apoiadores não passam de 30. O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), garantiu que os três petebistas da CCJ votarão a favor de Temer. “Vamos apoiar o governo porque apoiamos o país. Se o Temer cair, o Brasil para”, resumiu. Na opinião de Jovair, o que Janot está fazendo é um ataque aos políticos e ao Brasil. “Neste momento, em que a economia começa a se recuperar, não podemos deixar que isso aconteça”, resumiu. O líder do PSD, Marcos Montes (MG), ainda não conseguiu se reunir com a bancada, o que deve acontecer apenas esta semana. Mas acredita que a maior parte dos deputados da legenda, incluindo os cinco que integram a CCJ, defenderão a permanência do presidente.
Serão três processos distintos. Alguns acham que o resultado do primeiro poderá virar tendência para as demais acusações. O problema é que, entre a primeira e as demais denúncias, muita coisa pode acontecer. Contudo, foi bem recebida pela base aliada a decisão do ministro Marco Aurélio de devolver o mandato ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), indeferindo o pedido de prisão que assombrava o tucano. Igualmente o fato do relator do processo contra Temer no STF, ministro Edson Fachin, ter concedido habeas corpus ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures.
Mesmo assim alguns analistas do Congresso reconhecem que o cenário é incerto. O governo não pode confiar que terá o apoio fechado de sua base de sustentação. É bem provável que haja defecções no PP e no PSD, no PSDB e no PSB. Até mesmo o PMDB, partido do presidente Temer, deverá ter sua cota de traidores. A isso somam-se as delações de Lúcio Funaro e outros fatos novos que podem aparecer nas próximas semanas. No entanto, há uma outra questão que não pode ser descartada. Quem ganharia se Temer caísse? Para alguns, o Congresso lucraria muito mais com um presidente fraco, refém do Legislativo.

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