Eduardo Paes no 8º Fórum Global do Pacto de Milão para Política de Alimentação Urbana — Foto: Cristina Boeckel/g1
Eduardo Paes no 8º Fórum Global do Pacto de Milão para Política de Alimentação Urbana — Foto: Cristina Boeckel/g1

8º Fórum Global do Pacto de Milão para Política de Alimentação Urbana foi aberto na manhã desta segunda-feira (17) na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. A cúpula discutirá, até quarta (19), soluções e políticas públicas na área de segurança alimentar.

É a primeira vez que o fórum acontece na América do Sul. Nesta edição, o tema é “Comida para Nutrir a Justiça Climática: soluções alimentares urbanas para um mundo mais justo”.

Na abertura, as autoridades destacaram a importância da promoção da alimentação saudável e sustentável para enfrentar desafios de desenvolvimento, além do aquecimento global. Além da Prefeitura do Rio de Janeiro, o evento acontece com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Após dar boas-vindas aos representantes das cidades, o prefeito Eduardo Paes (PSD) destacou que a cidade é conhecida pelo protagonismo nas discussões de políticas ambientais, como na Rio+20 e na Rio 92, e a reunião é mais um marco neste tipo de debate.

“O que comemos e como produzimos é fundamental para que o mundo cumpra as metas do Acordo de Paris”, afirmou Paes.

O prefeito disse ainda que deseja que as cidades não signatárias do Pacto venham a aderir às metas propostas por ele.

Paes destacou iniciativas como as cozinhas comunitárias do Prato Feito Carioca e o sistema de hortas em regiões do Rio como algumas das políticas para promover uma dieta mais saudável.

“Os prefeitos têm um papel crucial na mudança de sistemas alimentares e na implementação de sistemas saudáveis. O direito de alimentar corretamente é um direito universal”, disse.

162 cidades no Rio

 

Vieram ao Rio cerca de 500 representantes de 162 cidades de todo o mundo.

Anna Scavuzzo, vice-prefeita de Milão, afirmou na abertura do evento que o pacto é uma jornada coletiva na qual as cidades lançam e discutem as suas políticas alimentares.

Segundo ela, a distribuição dos alimentos está ligada à justiça social, ao aumento das iniquidades e a questões climáticas, que considerou um dos maiores desafios das discussões.

“As cidades devem alimentar a justiça climática. Isso que queremos, e vamos atingir se trabalharmos juntos”, disse a vice-prefeita.

Entre as cidades que contarão com representantes estão Paris, Copenhagen e Chicago.

Insegurança alimentar

De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado em julho, a quantidade de brasileiros que enfrentaram algum tipo de insegurança alimentar chegou a 61,3 milhões.

O dado indica que praticamente três em cada dez habitantes do Brasil, que tem uma população estimada em 213,3 milhões, têm deficiências na alimentação. Desse total, 15,4 milhões enfrentaram insegurança alimentar grave — ou uma situação de fome.

Os dados da FAO para o Brasil englobam o período de 2019 a 2021. Os últimos números da instituição revelam uma piora alarmante da fome no Brasil. Entre 2014 e 2016, a insegurança alimentar atingiu 37,5 milhões de pessoas — 3,9 milhões estavam na condição grave.

José Graziano da Silva, diretor do Instituto Fome Zero, afirmou que mudanças climáticas já são um problema e impactam cada vez mais a produção de alimentos.

“Alguns temas são importantes para destacar a reunião que acontece no Brasil em um momento histórico. De alguma maneira assumimos uma vergonha perante o público, diante de estarmos entre os maiores exportadores de comida do mundo e termos voltado ao mapa da fome”, afirmou Graziano.

Ele destacou que participou da criação do fórum, em 2015, e destacou a importância do apoio das prefeituras na iniciativa. E que estas devem também incorporar as áreas rurais e trabalhar com elas na produção doe alimentos na transformação da alimentação saudável.

Graziano afirmou ainda que a predominância de monoculturas e a falta de diversidade alimentar ajudam a empobrecer a alimentação, causando, inclusive, o aumento da obesidade registradas no planeta.

Segundo dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em setembro pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan), três milhões de moradores do Estado do Rio de Janeiro passam fome.

Valber Frutuoso, da Fiocruz, destacou a necessidade de restauração dos ecossistemas alimentares e da discussão da ética de desenvolvimento segundo agências internacionais como a FAO.

“As mudanças demandam uma série de atuação. E ter sistemas alimentares sustentáveis envolve política de saúde, meio ambiente, transporte e energia”, disse Frutuoso.

Ele destacou a importância da preservação ambiental e da ciência na elaboração destes sistemas, ao lado das discussões entre os representantes das cidades e países.

Fonte: G1

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