FELIZ NATAL PARA VOCÊ –
É entrar o mês de dezembro e começar a espocar os votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Toda e qualquer conversação, despedida ou simples saudação se encerra com o desejo, sincero ou meramente formal, de Boas Festas. Independentemente, do revestimento da etiquetagem social contida na saudação ou da espontaneidade de sua formulação o Natal contagia a maioria das pessoas.
Além da predominância da religiosidade do período, a Natividade tem o poder de despertar no homem sentimentos adormecidos de solidariedade, piedade, compaixão e até amor. Isto mesmo, amor.
Por mais escondido ou sufocado que esteja esse sentimento no peito do mais insensível dos indivíduos, ele escapole das profundezas da alma tal qual lágrima sorrateira e se deixa fotografar, mesmo por um átimo de momento, durante as festividades natalinas. Tudo por conta da magia do Natal.
Entretanto, é no ambiente familiar onde residem as manifestações mais expressivas e calorosas do verdadeiro significado do Natal. Obedecendo a uma sequência ditada pela maior ou menor proximidade da data magna, floresce e cresce até tomar sua forma definitiva no dia 25 de dezembro, o espírito de união responsável pela manutenção da considerada célula básica da sociedade: a instituição familiar.
A troca de abraços, beijos, palavras de afeto e presentes representam as manifestações mais características do encontro do Natal, com o desfecho coroado na ceia servida altas horas da noite. Nenhuma outra data toca tão profundamente o âmago dos bons sentimentos de indivíduos de diferentes credos.
A necessidade, quase patológica, de reunir os familiares em torno da mesa do Natal é o que mais impressiona na celebração do nascimento do Salvador. Qualquer sacrifício terá valido a pena ou qualquer dificuldade não terá sido dificuldade, desde que os parentes estejam presentes naquele dia e naquela hora de confraternização espiritual.
Como não poderia deixar de ser, existem as exceções. Pessoas para as quais as comemorações natalinas, em vez de euforia e felicidade, trazem tristeza e depressão. Ainda que diante do carinho e da animação contidos na celebração, essas pessoas permanecem sorumbáticas e distantes, em tamanha sensação de desconforto interior beirando a angústia.
Demorei a esclarecer qual a causa da intranqüilidade que me dominava na época do Natal. Comentei com outras pessoas essa espécie de síndrome natalina e descobri não ser o único a sentir tal desconsolo injustificável. A partir daí ficou mais fácil conviver com o incômodo.
Constatei que a tristeza que me invadia a alma no Natal estava embasada na nostalgia que eu sentia; que a felicidade contida naqueles festejos era como o perfume de um vesperal da saudade. Saudade daqueles momentos de reunião familiar que foram fracionados com a evolução cronológica da vida de cada um de nós.
Hoje me considero curado. Ao ser saudado com um Feliz Natal, agradeço sem traumas, porque os entes queridos que partiram desta vida, ouvindo manifestações de Boas Festas decerto responderiam: Feliz Natal, para você também!
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil
