ENTRE O AFAGO E O GRITO –

Um olhar de quem anda com o povo.

Quem anda no meio do povo, como eu ando todos os dias, no decorrer desses oito (8) mandatos, aprende muito mais do que em qualquer sala de aula. A rua ensina. A feira ensina. O aperto de mão ensina. E foi vivendo assim, escutando as alegrias e as dores das pessoas, que eu percebi uma verdade dura, mas real:

Muita gente prefere ser jogada no abismo com um afago do que ser salva com um grito.

Pode parecer estranho à primeira vista. Mas pare e pense. Tem hora que uma mentira bem contada agrada mais que uma verdade doída. Tem político que promete o impossível com sorriso no rosto e ganha aplauso. E tem aquele que fala a verdade, que denuncia o erro, que aponta o caminho — e é atacado por isso.

O povo é sábio. Mas também é humano. E o ser humano carrega dores, cicatrizes, cansaço. Muitos já sofreram tanto que se acostumaram com palavras doces, mesmo quando são falsas. Preferem a ilusão que consola ao alerta que assusta.

Isso não é fraqueza. É uma defesa. É o desejo de ser acolhido antes de ser confrontado. Como político e como ser humano, eu entendo isso. Mas também sei que não há transformação verdadeira sem coragem e sem confronto com a realidade.

Nosso desafio, como representantes do povo, é encontrar o equilíbrio: dizer o que precisa ser dito, mas de forma que possa ser ouvido.

Não adianta gritar uma verdade se ninguém escuta. Mas também não podemos silenciar só para agradar. Liderar é isso: ter firmeza sem perder o cuidado; corrigir sem perder o respeito; lutar sem perder o coração.

Na política, não se trata apenas de fazer promessas. Trata-se de enfrentar problemas, assumir responsabilidades e agir com verdade. Às vezes, isso exige palavras duras. Às vezes, exige silêncio. Mas sempre exige compromisso.

E o meu compromisso é com a verdade. Mesmo quando ela incomoda. Porque acredito que o povo merece mais do que palavras bonitas — merece ações honestas e decisões que, mesmo difíceis, sejam justas.

Se um dia eu tiver que gritar para salvar alguém, grito. Mas antes disso, sempre tentarei salvar com um gesto firme, com a mão estendida, com um olhar de quem se importa.

Porque quem ama de verdade não joga ninguém no abismo. Nem com afago, nem com grito. Quem ama puxa de volta e ensina a caminhar com os próprios passos.

 

 

 

Raimundo Mendes Alves – Advogado e vereador em São Gonçalo do Amarante/RN

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