E QUANDO AMANHECER –

E quando um belo dia o gosto se tornar desgosto, a vida terá nos pregado peças, nos derrubado da cama, bem no meio dos sonhos. O pobre do tombo entristecido, chorará, sangrará. A noite prolongará suas horas em tempos eternos, infinitos e bastante doídos. De fato, a angústia transbordada pelas incertezas do amanhecer ferirá a alma, dilacerando os intuitos e acertamentos.

Descaminhos do achar.

As etapas cumpridas, nutridas, confundir-se-ão com os convencimentos do fado, que serão os destroços do sonhar, a ingenuidade do porvir. Regalo precioso da crença, do desejo e da vontade. Caminhos do coração.

Veredas da distorção.

Perturbações inebriantes das noites frias e solitárias que virão. Tormentas tramitantes, indecentes e insistentes. Peculato da lubricidade jogado ao relento, na leitura dos desabafos e medos entulhados pelas pegadas gastas.

Rastros bastos.

A claridade encandeará a negritude da madrugada incerta. Os primeiros passos, capengas, tomarão prumo… E seguirão. Renovarão as vontades e os desejos, as figuras mudarão de aparência e o coração renascerá. As flores criarão formas e cores. E só depois de varar madrugadas, o dia amanhecerá.

 

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]

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