E O NOSSO FUTEBOL? –
Fico aqui martelando e quebrando a cabeça, tentando entender como os nossos clubes estão atravessando e como irão se comportar no pós momento dessa maldita e mortal pandemia.
O nosso futebol, mesmo antes da onda virótica, já vivia uma situação muito difícil, delicada, de cinzenta para preta, quase chegando à escuridão total. Um futebol pobre, super rebaixado, com raras e pouquíssimas esperanças de melhora a curto prazo.
Campeonato deficitário a toda prova: futebol fraco, inexpressivo, ausência de público, torcedores desmotivados, sem patrocinadores, com uma grosa e cara folha de pagamento do seu elenco e alhures. Possuidor de uma enfermidade preocupante, de tratamento dispendioso, de recuperação lenta e gradual.
Não irá com certeza surgir uma virada rápida, nem uma mágica surpreendente para mudar esse contexto sombrio do nosso futebol.
Acho que é chegado o momento, é chegada a hora de se repensar, reestudar o futebol potiguar: reinventá-lo. Quem sabe, voltar aos velhos tempos em que os times eram formados com jogadores daqui mesmo e com baixo custo.
Os gastos eram compatíveis com as rendas que recebiam. Não se importavam jogadores, treinadores e muito menos comissões técnicas caríssimas. Mesmo assim, ainda se praticava um bom, bonito e valorizado futebol.
Futebol ruim, medíocre e caro é impraticável e inaceitável. Por que não convocar, insistir e mostrar o futebol caseiro, o nosso legítimo futebol? Por que não trazer bons meninos do interior e colocá-los para jogar, com treinadores nossos?
Tudo isso já foi dito e repetido inúmeras vezes e nada foi feito, nem tentado.
Quem sabe, agora, diante desse momento de confinamento mórbido compulsório, com um tempo maior para reflexão e de uma análise profunda, sem emoção; avaliando as dificuldades enfrentadas: o patrimônio delapidado, indo embora (o pouco que ainda existe); a batalha interminável perante o enfrentamento com os processos trabalhistas impetrados pelos advogados dos jogadores; receita incompatível com a despesa, tudo isso e mais alguma coisa, faz-se urgente e necessário reinventar o nosso futebol.
Queremos, sim, e estamos com saudade dos velhos e bons tempos que marcaram épocas no Centenário Estádio Juvenal Lamartine (JL) e no inapagável e inesquecível Machadão (não é nostalgia, é pura realidade).
Pensem! Reflitam!
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]
